O alemão que juntava garrafas para ajudar estrangeiros em apuros

No verão de 2020 me enturmei com um homem idoso na região boêmia em Dresden. Eu conhecia ele de vista juntando garrafas numa esquina badalada em Neuestadt, mas nunca tínhamos conversado. Ele escutou minha história sobre as dificuldades que eu estava experienciando sem visto para trabalhar. Ele me contou que durante vários meses ele juntou garrafas para ajudar uma estudante estrangeira que estava amarrada nas leis com o mesmo documento que a autoridade de estrangeiros me deu durante quase 24 meses: Fiktionsbescheinigung. Ele me falou que é aposentado, recebe aposentadoria e durante as noites aproveitava aquela esquina para beber, conversar com as pessoas e coletar as garrafas que custam 8, 15 e 25 centavos de euros numa esquina. Sem fazer muito esforço físico, ele juntava diariamente as garrafas, e o valor do montante variava entre 10, 15, 20, 30 euros diariamente. Ele me falou que fazia aquilo por amor. Ele me falou: eu tenho direitos que muitos estrangeiros NÃO TEM. Ele recebia pouco na aposentadoria, mas criou uma forma prática e prazerosa de ajudar estrangeiros necessitados com mãos, braços, pernas e pés atados na forte burocracia alemã: juntando garrafas e doando a grana para os aflitos. O saudoso Historiador Eric Hobsbawm escreveu que a história da humanidade foi construída também por pessoas anônimas e EXTRAORDINÁRIAS. Aquele homem careca, de pequena estatura encontra ressonância nos personagens escritos neste magnífico livro "Pessoas extraordinárias: Resistência, rebelião e jazz". Hoje eu estava sentado numa ponte badalada aqui em Leipzig (ponto de encontro alternativo) e vi catadores de garrafas. Minha memória involuntária trouxe esta lembrança histórica: o alemão que juntava garrafas para ajudar financeiramente estrangeiros em apuros.

Ele me comeu e VAZOU: Sobre o legado do pastor Bombeiro

Pastor Bombeiro posteriormente se casou, se tornou pai de família e sossegou o facho aderindo aos princípios da monogamia ou das algemas satânicas do casamento. Mas, nos tempos de solterice vocacional, bombeiro era expert em desvirginar ninfetas com chips de santidade e vaginologias angelicais. Um dia ele apareceu de namorico com uma garota de Música Sacra. A garota era toda tímida e certinha. Três meses depois aquela guria estava toda sorrisuda e super comunicativa. De sensualidade peixe morta ela se tornou uma vulcão dinamizado (dinamitado) naquele Campus teológico. Num dia qualquer encontramos ela super cabisbaixa e para baixo. Ela chorava igual uma criança. Fomos perguntar o motivo daquela lamúria comovedora e ela soltou sem papas na língua: AQUELE PASTOR ME COMEU E VAZOU. Agora estou na MERDA. Preciso enfrentar o caos e o deserto do Eu Profundo até encontrar outra bonança com nabo afetuoso. Eu achei que ele fosse o meu PRÍNCIPE encantado, mas me decepcionei. Ele me comeu e vazou. ELE ME COMEU E VAZOU. Se meu mundo cair que eu aprenda a me levantar (...) Quantas vocacionadas foram desvirginadas pela TOP simpatia do pastor bombeiro?? Bombeiro foi um mestre no ensino descabaçatrix de ambiente. Bombeiro foi um ESTICADOR DE HORIZONTES e um Abridor de Amanhecer para muitas mulheres que chegaram naquele Campus com espiritualidade de bobócas. Aquela garota sofreu muito, mas se tornou uma mulher de cara para a vida. Deixou de ser menina com cerebralidade inocente de santidade e se tornou uma MULHER ESPERTA, ASTUTA E ADULTA. Nossa vida é feita de rituais de passagem. Alguns são prazerosos, outros podem ser dolorosos. Na travessia, ou sucumbimos ou escapamos com vida. Aquilo que não nos destrói NOS FORTALECE. Aquela vocacionada mudou para continuar A MESMA.

Elogio à loucura

O alemão que mora comigo (Michel) me falou que o vizinho dele acredita em corona vírus. Ele tentou convencer o vizinho que isto é manipulacao midiática, e o vizinho chamou ele de louco. Ele fica chateado e triste porque a filha dele que vive no Canadá acredita que existe covid. Ele fica irritado porque o chefe dele no trabalho também acredita. Todos acreditam, exceto ele, por isso, é chamado de louco por todos. Ele disse que foi convencer o vizinho e nao teve sucesso. O vizinho ficou ficou puto, ignorou os argumentos dele e nao quer mais papo com ele. Eu disse para ele: uma amiga brasileira vai passear contigo, vai conversar contigo abertamente sobre qualquer assunto, te escutará com ouvidos acolhedores e não te demonizará. Ela provavelmente discordará de alguns posicionamentos, mas não te discriminará. Ele ficou todo feliz e ANIMADO. Quando eu era criança, eu me envergonhava todas as vezes que duplas testemunhas de Jeová batiam na nossa porta e eram expulsas devido preconceitos. Um dia pela manhã, eu estava sozinho com meu irmão e chegaram as testemunhas de Jeová. Convidei eles para entrar, e eles expuseram o pensavam sobre o Reino de Deus. Falaram-me sobre um paraíso onde leões brincavam em parquinhos com crianças, sucuris montavam em bezerros de ouro e ninguém se comia na cadeia alimentar. Eu escutei aquilo de boa. Com 41 anos de idade, me sinto à vontade para transformar aquelas histórias da Bíblia e as histórias do alemão que vive comigo em contos humorísticos que excitam reflexões atuais. Os loucos abrem caminho para os sábios. 02 de Janeiro de 2021

Relações de poder

Um pastor/reverendo que era professor numa Faculdade Teológica. Ele apareceu de bermuda para lecionar e os alunos reclamaram. Ele argumentou: está escrito nas regras da instituicao "proibido ALUNOS de bermuda". Eu sou PROFESSOR. Eu posso. Na minha infância (década de 1990) a inspetora da escola brigava com as alunas que chegavam nas aulas sem sutiã, mas ela (inspetora) nao usava sutiã. Ela justificava que sutiã causava alergia nela. Aquela inspetora carrasca é LENDÁRIA no imaginário do povo Ruropolense.

Efeitos dos Lockdowns no mundo

Os donos de supermercados estao faturando muito durante os lockdwons nos países que implementaram os lockdowns. Se eles faturavam muito antes, agora MAIS AINDA. A empresa Amazon disparou no faturamento. Alguns quebraram outros se enriqueceram. Nas guerras ocorreram o mesmo fenômeno. Quem mais se enriqueceu na segunda guerra mundial foram os norte americanos vendendo muito na indústria bélica enquanto europeus se matavam na Europa. Quando a guerra "acabou" no papel em 1945, todos estavam devastados, individados e os norte americanos com BOLSO CHEIO, vestidos de roupas caras exalando o perfume de Cristo. Eles chegaram por cima para fazer acordos entre cavalheiros: Rússia,França e Inglaterra. O Historiador Eric Hobsbawm escreveu sobre isto no livro A ERA DOS EXTREMOS: : o breve século XX, 1914–1991.

Até quando viveremos neste CAOS?

Agora há pouco acessei um áudio enviado por uma colega de turma na minha turma de música sacra na FABAT (2000-2003). Ela compartilhou conosco a situacao de um músico que está desesperado no Brasil. O advento da pandemia, neutralizou ele na profissao músico que tocava em eventos. Ele comecou trabalhar no UBER. O governo apertou o lockdown e dificultou o trabalho dele no UBER. Ele está passando fome com a família. Diversos outros músicos e trabalhadores autônomos no Brasil e outros países pobres, estao na mesma situacao que este músico aflito e DESESPERADO se encontra. Nao sabemos até quando viveremos encurralados com fronteiras fechadas, com vacinas seletivas no jogo de interesses, e neutralizados pelos lockdowns. O tal músico vendeu instrumento para pagar as dívidas. Me lembro de um filme cujo pai de família decidiu trocar o piano da filha por um saco de batatas durante a segunda guerra mundial. Os trabalhadores autônomos estao à deriva no mundo todo. Alguns passando fome com família, atolados em dívidas. Até quando viveremos neste CAOS? isto pode se extender por anos (...); nada sabemos.

A lendária inspetora escolar em Rurópolis-Pará

Ano passado escrevi nostalgicamente sobre a inspetora na nossa escola em Rurópolis no início da década de 1990. Ela chegou na escola com bafo de URSA FERIDA e foi CARRASCA odiada por 99,9% dos alunos. Subitamente, ela ficou mansinha quando um dos alunos engravidou a filha dela. Ela focou no netinho e esqueceu dos alunos que receberam carta branca para fazer bagunça. Aí fiz um post lembrando sobre o episódio e os ex-alunos RIRAM MUITO. A filha dela ficou uma URSA, o ex-genro ficou sob pressao e a filha (que vi bebê) ficou brava com o pai. O pirocudo enviado por Deus está morando em Sao Paulo e tem outra família. Mas mencionei o fato do tal colega ter nos salvado da terrível inspetora. Ele foi o nosso MESSIAS com uma jibóia MÁGICA. O povo ruropolense se DIVERTIU MUITO possesso por NOSTALGIA.

Não somos todos iguais quando se trata de direitos

Quando eu estava na zona de risco na Alemanha (com maos e pés atados pelas fortes leis), um brasileiro me dizia na frente de outras pessoas: você precisa ir atrás dos teus direitos, porque outrora, eu também fiquei igual você e fui atrás, bla bla bla blá da retórica barulhenta. Um alemao que conhece ele há anos, jogou na cara dele: tu chegou aqui CASADO com uma alema nativa, depois ela engravidou, você se tornou pai, depois vocês se divorciaram após mais de 5 anos casados no papel, e obviamente, você tinha direito como pai da crianca, e por ter ficado casado mais de 5 anos no papel. A tua situacao era confortável para "ter os direitos". A do Joe é totalmente desconfortável. Joe nao ficou casado com alema mais de 5 anos, nem tampouco teve filhos com alemas. Prenderam o passaporte dele, cancelaram o visto dele, e jogaram ele no ABISMO. Joe está lutando dia após dia. O tal brasileiro que fala DEMAIS, ficou quietinho. Enxergar além do próprio umbigo, é desafiador. Quem chegou na Alemanha casado com nativos (até a passagem os nativos pagaram), nao sabem o que é dificuldade burocrática, exceto, quando se divorciaram antes de completar 3 anos, a vida virou um INFERNO e o estrangeiro decidiu enfrentar a instabilidade com suporte de advogado, ao invés de "fugir para o Brasil". Quem chegou aqui com passaporte da Uniao Européia, também chegou POR CIMA. Muitos falam demais (omitem demais também), mas baforejam retórica MORALISTA sem conhecimento algum além do quadrado de si mesmo. Nao somos todos iguais quando se trata de direitos. Me lembro de uma brasileira que teve uma matéria aprovada na UOL. Ela escreveu que chegou na Alemanha com 7 malas (com status de turista), trabalhou muito na Alemanha, nao quis se prostituir sexualmente, foi casada 5 anos, mas divorciou-se porque percebeu que casamento nao era coisa para ela, e heroicamente (sozinha) tornou-se empresária em Dresden city. Brasileiros ingênuos leram a matéria parabenizaram ela pelo "heroísmo". Outros macacos velhos desconfiaram da narrativa. Eu fui direto e na raíz: Para conseguir continuar na Alemanha como trabalhadora autônoma, ela precisou de papéis. Um alemao GAY que gostava muito dela, fez acordo com ela. Ambos se casaram no papel e ficaram casados até ela vencer os 5 anos. Após 5 anos, ela conseguiu o visto permamente. O casamento de fachada, facilitou a vida dela na dimensao burocrática. Este fato nao é novidade nem tabu entre os brasileiros mais antigos em Dresden. Morei lá quase 7 anos. Porque as pessoas MENTEM (ou OMITEM) TANTO? Para posarem de super heróis que venceram sozinhos na Europa? ninguém vence sozinho. Os esportistas no ensinam sobre isto. Podemos falar publicamente sobre nossas conquistas, mas evitando fazer propagandas de super heróis. Nenhum de nós vence sozinho. Se eu fosse listar todos os nomes de pessoas que cooperaram comigo para eu vencer desde 1995 (quando saí da casa de meus pais), a lista teria que ser ENORME. Sozinho, eu nao teria caminhado 1% do que caminhei.

Como será o mundo na era pós-covid?

Em dezembro eu saí para fazer compras no supermercado próximo da casa de Michel e por acaso encontrei uma conhecida alema que estudou filosofia, mas ganha o pao de cada dia lecionando piano. Conversamos na rua enfrentando o frio e escuridao e ela me falou: "Joe! se liga! A Alemanha também está quebrada economicamente nos bastidores, mas precisa manter a aparência de país perfeito estável durante esta crise. Isto tudo é FACHADA. Estamos quebrados." Ela falou isto em novembro. Nao posso confiar na versao dela, mas também nao posso desprezar completamente. Nada sabemos até quando viveremos neste caos. Algumas empresas estao lucrando muito (Amazon, etc), supermercados, enquanto outras empresas FALIRAM. Outras falirao se o lockdown se prolongar. A ficha caiu para todos no planeta. Nao se trata de alguns meses de confinamento; trata-se de um momento de INCERTEZAS e CRISE MUNDIAL. Quem sobreviverá? Empresas que estao lucrando e continuarao lucrando enquanto outras empresas faliram/estao falindo, governarao a economia planetária. Houve o mundo antes do covid e já entramos numa fase de transicao para uma era PÓS-COVID com novas empresas dominando o planeta. Eu fico me perguntando: haverá restaurantes nos modelos antigos na nova era? o covid provou que é possível vivermos sem restaurantes. Haverá teatros? haverá igrejas? Ou tudo será reinventando novamente para as exigências digitais? Como será o mundo? Na Universidade onde pretendo trabalhar como pesquisador, as aulas estao funcionando tudo online há um ano; Nao houve mais aulas presenciais. Para quê ir em aulas presenciais se é possível lecionar online com excelência manuseando os dispositivos tecnológicos? Uma pessoa no Brasil poderá ser aluno matriculado numa Universidade no Japao sem precisar morar no Japao e ter visto para estudar no Japao. Poderá concluir um bacharelado todo online e receber um certificado de conclusao. Provavelmente, serao exigidos comprovacao de conhecimentos linguísticos para participar das aulas nos idiomas necessários. As Bibliotecas na Alemanha comecaram disponibilizar materiais online. A tendência é daqui para frente digitalizarem tudo. Para que ir em Bibliotecas emprestar livros, se é possível acessá-los digitalizados nos acervos bibliotecários? Prá quê ir em cultos em igrejas se é possível assistir cultos onlines? Meu pai com quase 90 anos fica excitado cantando louvores nos cultos da Igreja Batista da Lagoinha transmitidos pela TV. Antes do advento da internet (é muito recente), escritores bíblicos já diziam que Deus é ONIPRESENTE. Bem vindos oficialmente ao século 21. CHEGOU oficialmente em 2020.

Bem vindos ao mundo oficialmente DIGITAL

Um professor na Alemanha me falou: daqui para frente o mundo será oficialmente DIGITAL. Em 2020 as aulas online foram oficializadas no planeta. É melhor nos adaptarmos a esta NOVA ERA. E as aulas presenciais? Se tornarao cada vez mais obsoletas. Precisamos nos ATUALIZAR e REAGIR AO PRESENTE. Antes do Covid eu nao dava importâncias à aulas online/cursos online; As circunstâncias me obrigaram participar de aulas online e estou gostando muito. Michel por exemplo, nao tinha experiência nenhuma lecionando online. Apanhou bastante nas primeiras semanas, mas disse que está aprendendo preparar vídeos, comprimir, etc. O Covid marca uma fase de transição. Algumas empresas faliram, outras falirao, enquanto outras empresas estao faturando muito nesta nova fase. Alguns sobrevivem, outros nao. E viva a era DIGITAL. Sexo também virtual. Em 2019 eu estava na casa de meus pais e eles estavam escutando um sermao de um pastor da Igreja Batista da Lagoinha. O jovem obreiro queimou 90 minutos de saliva justificando que Deus condena quem fica enviando NUDES pelo whatsapp. O Covid implementou o fechamento das igrejas e potencializou o intercâmbio dos NUDES online. Os pastores e padres precisam se ATUALIZAR na era digital.

Mãos Abençoadoras

Minha memória involuntária relembrou as seções de Fisioterapia que fui submetido para recuperar os movimentos do braço após o acidente no natal de 2014. Recordei que a primeira fisioterapeuta no hospital era uma mulher de uns 60 anos e baixinha. Ela tinha calor nas mãos e amorosidade hospitaleira no toque. Cada vez que ela tocava em mim e estimulava-me a exercer movimentos, eu me sentia repotencializado e rejuvenescido step by step. Eu percebo isto nas enfermeiras...algumas possuem entidades afetivas nas mãos. Me lembro daquela narrativa que conta a sofrida história de uma mulher que sofria de uma hemorragia há mais de 20 anos e foi curada quando tocou nas vestes de Jesus...coisa de química.. Me lembro que na minha infância eu tinha hemorragia no nariz. Pontualmente na hora incerta, o sangue jorrava de minhas narinas em grandes proporções. Me lembro que num domingo de tardinha a hemorragia atacou forte e nao parava de jeito nenhum. Minha mãe chamou o saudoso irmão João Rodrigues que era um homem baixinho que nao sabia ler nem escrever, mas tinha uma voz mansa e acolhedora. Ele se aproximou de mim mansamente, botou a mão calorosa sobre minha testa e fez uma oração. Quando ele falou amém, o sangue já havia travado..ele falou-me: fica calmo, pois a hemorragia já está sobre controle. Me lembro que há alguns anos andei transando com uma enfermeira...Ela andava longe de ser bonita, mas quando tocava em mim, me desmontava todo. Muita Energia nas mãos. Percebo isto tambem na arte da culinária, pois o cozinheiro é o Mestre do Kamasutra da Boca. Me lembro que quando eu lecionava na Escola Municipal Conde de Agrolono no bairro da Penha-Rio de Janeiro (2013) eu almocei em varios locais nas rendondezas. Eu sempre ficava curioso porque na esquina da rua havia um restaurante super simples (pé sujo), mas sempre estava super lotado na hora do almoço; ficava gente em pé esperando. Num belo dia eu resolvi experimentar a comida daquele lugarzinho sem vergonha. Provei e nunca mais quis almoçar em outro local; queria somente naquele. A cozinheira era uma coroa que ficava escondida; o marido atendia sozinho todos os clientes, comida absurdamente gostosa. O nome disso? Química nas mãos na hora de sexualizar os temperos e afins comestíveis. O Reverendo Edson Fernando (Igreja Cristã de Ipanema) foi convidado para dar uma palestra num Campus de Enfermagem e lá ele discursou sobre o Ministério do Cuidado. Faz uns 15 anos ou mais. Enfermeiras, cozinheiras, pianistas, prostitutas, fisioterapeutas e outros profissionais costumam ser experts na arte do toque. Cuidado pela arte do tocar.. Bem Aventurado é aquele que ao ser tocado diz para si mesmo e para os demais: de ti saiu virtudes pois de mim fluirão rios de águas vivas.

O „Maestro“ que NAO ERA MAESTRO

Em janeiro de 2006 cantei numa ópera no festival de verao em Curitiba. Durante os ensaios havia um professor de física que tinha um VOIZERAO; havia um viado que era delegado de policia. Nos ensaios ele era uma franga e emitia voz de bicha loca por picas duras; quando o celular tocava, ele atendia com VOZ DE MACHAO BOTA MORAL. No mesmo ensaio havia um "maestro" que era musculoso e pianista de jazz. Ele nao acertava uma entrada, falava calmo, era lento ensaiando (pegada de jabuti e tartaruga) e excitava a fúria da pianista co-repetidora que dizia nos bastidores: Este cara é um FAKE regendo-nos. Quem convidou ele? Alguns coristas que conheciam os esquemas diziam-nos: A fulana professora de Canto super poderosa aqui em Curitiba, está interessada neste profissional gesticulatrix. Ele está comendo ela. Cada ensaio era um stress nos bastidores. Muita zuacao, mas todos respeitavam as diretrizes do "Maestro" Pirocúdo. No dia do concerto, todos compareceram e a apresentacao foi realizada com sucesso. Naquela mesma noite, a soprana organizadora convidou-nos para um jantar de confraternizacao num bar elitizado em Curitiba. Todos chegaram, exceto, o maestro que apareceu posteriormente, de maos dadas com uma mulher linda e elegante. Ele foi o último que chegou e o primeiro que saiu. A soprano ficou cabisbaixa, mas manteve o papo com outros coristas bem humorados. Vida que segue. O tiro saiu pela culátra? Ainda é um Mistério. Analisando o Currículo Vitae de Frega, percebi que ele estudou de tudo em outras áreas, exceto música.

Sociedade dos assaltos: Sobre a profissão assaltante

Outrora fiquei hospedado na casa de uma estudante na baixada fluminense numa regiao muito humilde onde há muita pobreza. A filha dela namorava um rapaz que tinha uma profissão: era assaltante. Naquela regiao, a profissao assaltante tinha um código específico. O rapaz assaltava pessoas em outras regioes, voltava para casa com dinheiro para sustentar a casa. Se a Alemanha experienciasse uma guerra e houvesse escassez de alimentos, as pessoas brigariam por coisas básicas num salve-se quem puder num contexto de SOBREVIVÊNCIA. Em Leipzig eu explicava sobre assaltos no Brasil e outros países com muita desigualdade social, e os estudantes japoneses e sul coreanos nao entendiam a lógica. Mas, como usam uma arma para tomar meu celular? Porque? O celular nao é meu? Era teu, depois do assalto, NAO É MAIS. Acho que quem sobreviveu a segunda guerra e outras guerras DEVASTADORAS, entende melhor a sociedade dos assaltos nos países mais pobres. Analisar alguns procedimentos é bem mais profundo do que julgar se é "certo ou errado"

Ministério da escuta analítica

Na Faculdade Batista do Rio de Janeiro conheci uma linda jovem que era ateísta. Ela era funcionária da instituição e não acreditava em divindades. Posteriormente, ela se casou com um professor de teologia e ficou apaixonada. Encontrei o casal em Paris e ela estava feliz. Depois, o casamento faliu. Ele largou ela e arrumou outra mulher. Ela enlouqueceu e tentou suicídio. Para vencer o caos depressivo de si mesmo ela lançou mão da religião e se tornou uma sensualidade petencostal. Ela passou falar em línguas estranhas matando 10 leões por dia. Se tornou leitora da Bíblia e muito fervorosa. Ela ainda crê num Deus de Milagres. Outrora, a mãe de uma namorada faleceu num acidente de ônibus. A passageira que estava ao lado foi lançada para fora e caiu sobre uma carga de grãos num caminhão e escapou ilesa. A mãe dela morreu com a colisão. O irmão educado no catolicismo abandonou a fé porque se sentiu traído e enganado pela doutrina. Os padres pregavam que Deus protegia todos aqueles que eram fiéis. A realidade mostrou que todos estão vulneráveis com Deus ou sem Deus. Ele ficou indignado e se tornou ateísta. Narrei dois casos distintos mostrando os efeitos das perdas. É importante escutarmos e analisarmos casos distintos. Todos os dias pessoas perdem e se convertem à uma crença. Todos os dias pessoas perdem e abandonam crenças. Pessoas fortalecem ou enfraquecem as crenças por diversos motivos. Algumas mudam de religião. Outras regressam as religiões de origem após ter aderido à outra. Uma mãe voltou para o candomblé após perder um filho de 5 anos atropelado por um ônibus. Ela havia se convertido ao Jesus doutrina numa igreja Batista. Não julgar, mas escutar e analisar diversas histórias.

A matemática da vida NAO É EXATA

Na minha infância uma mulher sustentava sozinha a casa com quatro filhos pré-adolescentes. O esposo morreu de malária no garimpo. Em 1991 o filho caçula de 10 anos foi estuprado e morto brutalmente. Em 2020 aquela mãe ainda usa remédio para dormir. O irmão do meio ficou doente, alcoolatra e com outros transtornos. Coitada daquela mulher e daqueles filhos sobreviventes. Ela plantou o bem e COLHEU O MAU. As vezes as pessoas plantam o mau e colhem o bem. As vezes plantam o bem e colhem o mau. As vezes plantam o bem e colhem o bem. As vezes plantam o mau e colhem o mau. A vida é uma CAIXINHA DE SURPRESAS. A matemática Diviva não é exata.

Sabedoria para selecionar entre o bom e o MELHOR

Quando eu era criança, minha mãe selecionava a melhor cédula em dinheiro e dizia-me: Durante o culto, entregue esta oferta lá no GAZOFILA$$$$$O!!! Se havia 10 cédulas de 100 Cruzados/Cruzeiros, ela selecionava a cédula MAIS LIMPINHA / MAIS NOVINHA e pedia-me para eu devolver para Deus no ritual Sagrado que era o recolhimento das ofertas. Bom gosto é sempre BOM GOSTO APRENDIDO e repassado para outros. Um professor de Teologia dizia-nos: Meus filhos nasceram na era da Internet e desde pequenos eu ensinei eles à SELECIONAR INFORMAÇÕES disponíveis na amplitude da internet. Saber escolher entre o Bom e o MELHOR exige treinamento. Saber selecionar um bom livro no meio de trocentos livros de auto ajuda, também exige adestramento seletivo. Há muito lixo na internet.

Sobre a força da FÉ

Em fevereiro de 2000 eu cheguei no Campus da Faculdade Batista do Rio as 6:00 da manhã. A primeira pessoa que eu esbarrei na frente do internato foi com o mancebo Diogo Rebel com 18 aninhos naquele raiar de dia. Caí de páraquedas naquele Campus sem prova de vestibular, sem matrícula, sem moradia, com pouquíssimo dinheiro. Naquele mesmo dia, a direção do Bacharelado em Música Sacra improvisou as provas de admissão e eu fiz. Fui aprovado e me encaminharam para o setor de finanças $$$ para o pagamento da minha matrícula. Lá informaram-me que eu precisava pagar a matrícula (uns 550 reais) +++ mais a mensalidade do mês de fevereiro que já estava correndo. O dinheiro que eu tinha em mãos daria para pagar somente a matrícula ou a primeira mensalidade. Optei por pagar a primeira mensalidade, pois era mais barata e sobraria um pouco de dinheiro para eu me alimentar umas duas ou 3 semanas naquele mês. E a matrícula? Meu pai estava comigo e sugeriu assinar uma promissora para pagar no "tempo de Deus". Meu pai também estava DURO, mas me falou: Deus proverá!!! Ele assinou aquele documento e entregou ao funcionário daquele setor. Recebi sinal verde para estudar naquele Campus e me encaminharam para o quarto no internato. O quarto estava com a porta quebrada para facilitar a entrada dos veteranos que aplicavam trótes após o toque de recolher. Em março arrumei um trabalho na Igreja Batista de Sumidouro e a Igreja pagou sistematicamente todas as mensalidades (aluguel e bacharelado) à partir de março de 2000. A Primeira Igreja Batista de Copacabana também foi super eficiente pagando de 2002 até dezembro de 2003. A cada final de semestre, eu precisava ir ao mesmo setor de finanças para pegar o NADA CONSTA. Fiz isto durante 8 semestres e eles diziam: Está tudo OK. Ficha limpa. E a promissora que meu pai assinou? Relaxe, Joe! Ela não consta no sistema. Alguns meses após a minha formatura em 2004, recebi uma ligação da Silvana que era secretária e ela me falou: Joe! Um funcionário encontrou um documento assinado pelo teu pai nos arquivos da FABAT. Como você já se formou, não há mais como cobrar. A culpa não foi tua; O diretor carimbou como DOCUMENTO QUITADO e pedimos para você vir aqui pegar. Eu fui lá e peguei. Perdi ela em alguma mudança que fiz. Entre 2000 e 2004, meu pai, minha mãe e meu irmão sobreviviam apenas com um salário mínimo da aposentadoria do meu pai que já estava em processo de cegueira. Minha mãe também idosa e fora de combate, lutava para se aposentar. Eles não teriam como pagar aquele valor. Quando informei à minha mãe sobre o achado do documento, ela reagiu: Eu e te pai oramos muito para Deus dar um jeito nesta promissora. A promissora sumiu e voltou para servir de testemunha. Eu não tenho mais aquele documento, mas quem tiver dúvidas da narrativa, consulte a Silvana (ela veio de Manaus para o Rio em 2001). Há exemplos de pessoas cheias de fé no Protestantismo, no Catolicismo, no Candomblé, nas religiões indígenas, etc. A fé no Sagrado não faz acepção de credo religioso. A fé é A FÉ e PRONTO. As vezes na vida, necessitamos ser calculistas e pé no chão, mas as vezes, é necessário DAR UM PASSO DE FÉ enfrentando o ESCURO QUE ILUMINA. A minha decisão de migrar para o Rio foi um passo visionário DE FÉ... E muuuuita fé. Mudei para continuar O MESMO.

Em 2017 eu estive conversando por mais de uma hora com a diretora do Centro de Estudos do Leste Asiático na Universidade em Dresden. Ela é uma alema fala fluentemente japonês e chinês. Num determinado momento da conversa ela me falou: O chinês falado e escutado nao é difícil como se imagina. Nós ocidentais criamos um MONSTRO perante a língua chinesa da mesma forma que os latinos criaram em relacao ao alemao. Quando mentalizamos que determinadas línguas sao "difícieis", automaticamente BOICOTAMOS nosso potencial para aprender tais línguas de forma natural. Joevan! Se você viver 12 meses na China e conviver com pessoas que falam somente chinês, você falará chinês normalmente da mesma forma que estamos conversando em alemao agora. O complexo mesmo é LER livros em chinês, ler jornais, ler revistas, ler material acadêmico, pois você terá que memorizar milhares daqueles alfabetos chineses. Alguns anos vivendo na China e fazendo um estudo focado aprofundado, o estrangeiro desenvolverá competência para ler textos em chinês. Mas, a comunicacao no dia a dia (falar, escutar, entender) qualquer pessoa aprende de boa em curto prazo. Narrei para ela que conheci um africano em Tóquio que falava japonês fluentemente vivendo apenas 12 meses em Tóquio e expus o caso de uma alema que conheci em Berlim que fala português fluentemente após ter vivido 12 meses em Manaus. Ela chegou sem saber nada. Uma alema aqui em Dresden caiu de páraquedas em Lima no Peru e lá aprendeu espanhol naturalmente. Em 2016 eu conheci um estudante alemao que conversava em japonês com uma doutoranda japonesa aqui em Dresden. Falavam normalmente e fluentemente. Num determinado momento, pedi à ele para traduzir uma página de um livro sobre musica moderna no Japao. Ele bateu o olho no texto e me falou: Nao sou capaz de ler isto. Eu precisarei assimilar muitos Kanjis para ler livros. Fotografe e use o google tradutor!!!!! A tradicao oral está acessível para todos em qualquer idioma. primeiro veio a tradicao oral, depois inventaram as complicacoes da tradicao escrita. Todos nós temos potencial para aprendermos qualquer idioma no planeta. Quanto mais aprendermos, MELHOR. Quem aprende jogar vídeo game (competência aprendida) aprende falar árabe (também competência aprendida). Todas as nossas competências sao COMPETÊNCIAS APRENDIDAS. Meu raciocínio sempre foi: Esta competência nao é difícil nem é fácil: ela é APRENDÍVEL. Nao existe idiomas "difícieis". Há DIFERENTES idiomas que se convergem na PLURALIDADE e cada idioma/dialeto possuiu sua peculiaridade. Eu por exemplo me comunico em Joiês. Fecundei uma língua dentro de uma própria língua.

Em 2017 fui numa aula introdutória sobre língua e cultura japonesa. O instrutor japonês disse que perguntar em inglês para japoneses no Japão ASSUSTA no primeiro contato. Segundo ele, o Japão hospeda apenas 2% de estrangeiros, 1% residem em Tóquio e os demais estão espalhados em outras cidades. A maioria destes 2% são de chineses e sul coreanos. Há pouquíssimos europeus vivendo no Japão, portanto, quem quer viajar para o Japão para viver, ou pesquisar, estudar, etc, precisa APRENDER JAPONÊS. Os japoneses que conheci aqui na Alemanha nenhum deles falavam inglês. Arranhavam. Exceto japoneses que viveram nos EUA, Inglaterra, Canadá, etc. Em Dresden havia uma mestranda em composição que veio de Seoul. Ela não falava inglês. Ela entendia um pouco, lia razoavelmente bem em inglês, mas falava somente coreano e alemão. Narrei apenas experiências e isoladas. Há controvérsias. Em junho do mesmo ano, viajei para Tóquio para pesquisar no Archives of Modern Japanese Music at the Meiji Gakuin University. Quando cheguei no local da pesquisa, a secretária me falou: intercambiamos emails em inglês, mas nao sei falar inglês. Ela me explicou tudo em japonês e eu fiquei boiando, mas tudo bem. Ela selecionou todo material que pedi por email, e dividiu em etapas. No primeiro dia ela me trouxe uma parte. No segundo dia me trouxe outra parte e assim sucessivamente.
Me lembro que visitei a Biblioteca da Kunitachi College of Music, considerada a melhor biblioteca sobre música japonesa no planeta. Cheguei lá e ninguém sabia falar inglês. Usei mímica e palavras isoladas para me comunicar. Conseguiram uma funcionária super jovial e simpática que sabia se comunicar em inglês. Ela foi minha tradutora e me ajudou preencher um formulário on line em japonês. Me apresentaram uma bibliotecária que sabia muito sobre o compositor Tōru Takemitsu. Ela me trouxe uns 10 livros em ingles, alemao e francês sobre o tal compositor. Eu já conhecia todos eles pesquisando na Alemanha. Pedi para trazer as publicacoes em japonês sobre Takemitsu. Ela foi coletar e voltou com um carrinho lotado de livros em japonês somente sobre Tōru Takemitsu. Depois ela voltou com outra remessa; depois fez uma nova viagem e trouxe uma parafernália de livros sobre o mesmo compositor. A ficha CAIU. Preciso aprender japonês. Nao é possível pesquisar sobre música contemporânea japonesa apenas lendo publicacoes em línguas ocidentais. Para pesquisar com profundidade, é preciso saber a língua local. Aposto que 95% das publicacoes em japonês ainda nao foram traduzidas e provavelmente jamais serao traduzidas. Aquela viagem abriu portas e esticou a minha mente. Eu adoro desafios. Adoro conquistar os meus limites.

E ele partiu após o ronco dos motores

Dormi duas noites sozinho no quarto do hostel em Darmstadt. No dia seguinte chegou um jovem alemão para dormir no mesmo quarto. De manhã, ele levantou e nem deu bom dia. Estava mal humorado. Eu saí para a pesquisa de arquivo. De tardinha ele entrou no quarto e perguntou: Você vai pernoitar aqui até quando?Até sexta-feira. Viajei para Colônia pesquisar na sexta-feira para pesquisar no Instituto Cultural Japonês. Olha só! Eu vou dormir num outro quarto hoje a noite. Já conversei na recepção. Você RONCA MUUUUITO. É UMA COISA ABSURDA. PARECE UM TRATOR. Foi impossível dormir na noite anterior e virei a noite tentando dormir, mas fiquei a acordado lutando contra o rônco do teu motor. Pois é... Naquele final de semana infernizei algumas almas no hostel coletivo em Colônia. Valeu

Barulhento expelindo o mitológico PERFUME DE CRISTO

Ontem o negão nigeriano chegou em casa com um liquidificador que ele comprou. Ele falou que é para fazer vitaminas de banana com aveia, etc. Ontem foi sábado e decidi não ir para cama cedo. Fui após a meia noite. Hoje as 7:00 fui acordado com barulho INFERNAL do LIQUIDIFICADOR (ele colocou pedras de gelo para bater com os igredientes). Estou novamente com sono mal resolvido; sono interrompido. O negão está ativo na cozinha desde cedo preparando um turbilhão de comidas. Super comunicativo falando ALTO no celular com a namorada, parentes, amigos, ele domina a cozinha preparando as parafernálias comestíveis que ele precisa para manter aquele corpo esbelto marcado por FORTE MUSCULATURA. Daqui para frente precisarei conviver com outro demônio auditivo: a porra do LIQUIDIFICADOR que será acionado cedinho no preparo do reforçado café da manhã do negão. Ele prepara um BANQUETE pela manhã. O negão tem algumas virtudes: a cozinha e banheiro estão sempre limpos com luxo IMPECÁVEL. Ontem acordei e o negão estava dando duro limpando o piso da cozinha. Quando ele sai do banheiro após o longo banho, o banheiro fica cheirando o mitológico PERFUME DE CRISTO. O negão perturba com a barulheira dele, mas ele é LIMPO e amoroso de coração. Preciso ser mais flexível para nao apurrinhá-lo com o chip de Michel. Michel falou-me que os demônios da sogra, da ex-esposa e da mãe dele, entraram nele. E os demônios de Michel entraram em mim? Creio na lei da Afetabilidade: afetamos os outros e somos afetados pelos outros durante as convivências.

Ser Imperfeito é ser ORIGINAL. Sobre o caso Tiêscoli.

Entre 1988-1991 convivemos com um mancebo abensonhado com cerebralidade acima do normal no âmbito da matemática e outras disciplinas escolares. Tiêscoli era impecável no colégio se tornando referência para os alunos. Tinha talento musical, por isso, arrebatou uma pluralidade de alunos tocando guitarra e cantando numa manhã festiva num palco montado no saguão da Escola Eurico-Valle. Naquela manhã, Tiêscoli se consagrou um Pop Star excitando meninas pré-adolescentes no auge da puberdade. Vivendo numa cidade no interior e super conservadora, Tiêscoli rompeu paradigmas furando a orelha colocando um brilhante brinco típico de um artista em potencial. Dotado de alma pós-moderna, Tiêscoli foi condenado injustamente por retoristas espirituais que afirmavam: "Ali é um afeminado CANDIDATO à AIDS". Ué! Mas os brincos são contagiosos???? Jogando bola na badalada Rua 09, Tiêscoli tinha muito apetite como atacante, mas sempre chutava na trave ou para fora. Atuando como zagueiro era IMPLACÁVEL, segurando oponentes com suor e suvaqueira, mas mesmo assim, era o preferido dos melhores dribladores que aproveitavam para desenvolver a arte das canetadas metendo trocentas bolas entre as pernas. Tiêscoli quando cobrava um penâlti, chutava FORTE e com efeito. As vezes, o goleiro entrava com bola e tudo. Tiêscoli foi IMPECÁVEL até o dia em que ele se prontificou à cobrar uma falta de longa distância. Ele tomou distância, concentrou-se por vários segundo e arremessou uma BOMBA que desviou-se do destino e atingiu frontalmente a janela de vidro da enfermeira Lúcia que assistia tranquilamente a novela sentada no sofá da sala. A bola entrou sala adentro fazendo estragos IRREVERSÍVEIS. As crianças se esconderam /desapareceram e o Tiêscoli ficou sozinho estagnado. Ele aguentou sozinho a ferocidade daquela mulher que era calma, mansa, serena e tranquila. Ela saiu daquela sala e agiu como uma URSA. Tiêscoli ficou TRAUMATIZADO e envergonhado se sentiu mais pecador do que Roberto Baggio após aquele penâlti no final da Copa 94. Em 2013 reencontrei a Lúcia e ela estava idosa e bem diferente corporalmente da sensualidade nos tempos da juventude.

URISCO conhecido como Apóstolo Bispo

Entre 1986 e 1994 convivi com o Urisco que era um garoto muito pobre, magro e matava passarinhos para se alimentar. Ele se estressava à toa e revidava com pedradas de baladeira. Tinha uma pontaria IMPECÁVEL que noucateava seres humanos oponentes. Em 2013, reencontrei o irmão Urisco e ele estava GORDO, FORTE com retórica de servo do Deus altissimo. Urisco estava se alimentando bem, falando em línguas estranhas e ganhando almas para Jesus. Ele se tornou um pai de família calmo, manso, sereno, muito crente e tranquilo. A ferocidade da juventude foi canalizada para enfrentar SATANÁS na guerra espiritual. Urisco mudou para continuar o mesmo. Saudades do URISCO conhecido como Apóstolo Bispo.

Conversações com tio Natanael Caitano

Em 1987 meu pai estava tendo muitas dores de cabeça com um sobrinho que ele pegou para cuidar. O rapaz era indomável e odiava trabalhar na roça. Ele foi criado na metrópole Rio de Janeiro. Para manter o rapaz ativo e produtivo, meu pai decidiu arrumar emprego para ele em Rurópolis. Meu pai foi na Sorveteria do Gaúcho perto da Rodoviária e pediu um emprego para o sobrinho problemático. O dono da sorveteria Brutts convidou o meu primo e deu um carrinho repleto de picolés e sorvetes deliciosos. O chefe explicou os procedimentos para vender rápido com eficiência retórica, gritando "Picolé, Chopinho, sorvete". As 9:00 o meu primo pegou o carrinho com as iguarias e retornou no final do dia com carrinho vazio e sem dinheiro. O dono da sorveteria perguntou: Cadê o dinheiro da venda? Não tenho dinheiro. E os 300 Picolés, Chopinhos e Sorvetes que depositei para você VENDER e ganhar 30%? Ah! Eu chupei tudo. Mas, como assim? Ué. Eu chupei o primeiro picolé e não consegui parar mais. O dono daquela sorveteria Brutis ficou um URSO e chamou o meu pai. Pastor João! Eu dei emprego para o teu sobrinho porque você é um homem de respeito nesta cidade. Eu não dei uma surra no teu Sobrinho por consideração ao Senhor. Meu pai pediu desculpas e voltou com o sobrinho barriga cheia para a casa. Em casa, aquele continuou vivendo no mundo dele. Com 13 anos ele era INDOMESTICÁVEL. Tenho certeza que ele foi feliz naquele dia devorando todas as iguarias da Sorveteria Brutis. Os sorvetes da Brutis eram mais saborosos do que os sorvetes vendidos nas ruas da Itália.

Conheço ela há bastante tempo e ela era uma mulher na dela. Era padrao apartidária. Mas, posteriormente, ela viu de perto o esquema de roubalheira envolvendo pessoas chaves ligadas ao PT quando Lula estava no poder. Sem saber da sujeira toda, ela foi muito prejudicada profissionalmente com a MERDA TODA. Ela se converteu ao discurso de BolsoMito com retórica messiânica de PITBUL BOTA MORAL. Ela se tornou fanática pelo Bolsonaro e passou fazer campanha para ele acreditando na santidade da gangue do atual presidente. Ela está plugada no automático com chip de missionária que assimilou uma verdade e quer reproduzir esta verdade para convencer outros. Em 2000 fui seminarista na Igreja Batista em Sumidouro e fiquei hospedado na casa de um novo convertido ex-católico. Ele testemunhou sujeiras/podridao na igreja católica e se converteu num sermao sobre a conversao do Apóstolo Paulo pregado por um pastor. Após a conversao seguida de lavagem cerebral pela catequese protestante, ele passou pregar mecanicamente que o catolicismo é demoníaco (antro de pecados) e no protestantismo é o paraíso da SANTIDADE. Com chip doutrinário, ele queria converter todos os católicos na cidade para o protestantismo. Saí daquela igreja dois anos depois, me despedi daquele homem que me acolheu, mas nao sei se ele ACORDOU para a seguinte REALIDADE: Tanto no catolicismo quanto no protestantismo há putarias/corrupção (muita grana fácil em jogo) rolando diariamente, porque há SERES HUMANOS ENVOLVIDOS. Posso ser contra Bolsonaro e prol Lula (e vice-versa) ancorado em outros aspectos, mas jamais focado propaganda de "inocência e SANTIDADE". Eu seria hipócrita ou ingênuo. Na política lidamos com pecados estruturais: ninguém peca sozinho na política. Os envolvidos pecam em redes; alguns participam diretamente, outros indiretamente e outros (nas castas mais inferiores) COMO COBAIAS sem saber o que está rolando. O caso Mila Malafaia nos ajuda analisar com profundidade e SERIEDADE sobre o fenômeno CONVERSÕES humanas. Todos os dias pessoas se convertem em diversas crenças distintas no planeta. Cada conversão, gera um efeito peculiar. Durante 60 dias eu escrevi diariamente sobre o caso Michel (alemao em Dresden). Morei na casa dele durante dois meses e ele me autorizou escrever diários sobre ele. Ele se converteu a terapia Gerson no tratamento contra o câncer e em paralelo se converteu as teorias da conspiração em torno do covid. O caso Michel trouxe diversos questionamentos e aprendizagem para mim e vários internautas que acompanharam minhas narrativas.

Era julho de 2007 época dos jogos Pan Americanos no Rio de Janeiro e eu morava no internato da Faculdade Batista na Tijuca. Saquei 250 reais, coloquei na carteira, subi a colina, deixei a carteira em cima da cama com a porta aberta e fui tomar banho. Subitamente, escutei a voz de um colega seminarista perguntando sutilmente: Joe???? Voltei para o quarto após o banho rejuvenescedor e fui para o computador. Dormi e no dia seguinte procurei a carteira para ir almoçar no Colégio Batista. Cadê a carteira? Onde deixei? Perdi no caminho entre o banco e o Campus? Forçando o cérebro no limite, a minha memória involuntária APITOU para aquela voz baixinha me perguntando: Joe? Começei mexer os pauzinhos fazendo investigações sigilosas/alternativas e descobri que o tal seminarista havia roubado dinheiro do colega de quarto. Fui mais fundo e descobri que o tal vocacionado foi condenado, preso e cumpriu pena de 5 anos de cadeia porque cometeu estupro em Campinas. Começei fazer pressões psicológicas nele. Ele chegava no Campus de madrugada e dormia até 13:00. Acordava GROGUE. Num dia abordei ele de surpresa e falei na cara de pau: os quartos aqui TEM CÂMERAS. Nos corredores também tem. Eu sei que VOCÊ ENTROU NO MEU QUARTO E ROUBOU MINHA CARTEIRA. Ele arregalou os olhos. Sei também que VOCÊ ROUBOU dinheiro da tua velha. Ele ESBUGALHOU os olhos. Meus detetives acessaram documentos comprovando que você é ex-presidiário condenado por ESTUPRO. O vocacionado PIROU. Cadê a minha carteira com dinheiro e documentos? Apostei na manipulação retórica pois ele era CALOURO. Ah! Joe. Naquele dia que você foi tomar banho, eu vi a tua carteira dando mole e furtei. Peguei somente a grana que eu precisava para comprar drogas e joguei fora os documentos. Nem sei onde joguei. Joe! Papo reto. Sou viciado em drogas pesadas, fiz tratamento em Campinas, mas voltei ter recaídas. A grana na tua carteira foi usada para pagar dívidas com drogas que comprei na zona do Acarí. Você é seminarista numa Igreja em Acarí, e está devendo o tráfico? Os caras vão te matar. Se liga! Expus a situação delicada para a direção da Faculdade Batista do Rio e eles entraram em contato com a família do rapaz. A família foi generosa me devolvendo o dinheiro roubado e depositaram uma grana extra para despesas pois precisei refazer todos os documentos destruídos. A família resgatou aquele filho drogado e levou para uma clínica. Um dia antes da viagem de volta à Campinas, convidei o rapaz para jantarmos juntos num prato feito na Tijuca. Fomos e conversamos abertamente. Abraçei ele e falei que voltar para os braços da Família e se tratar numa Clínica para dependentes químicos era a melhor alternativa naquele momento. Cumprir o chamado divino/ministerial naquelas condições era RISCO DE VIDA e possibilidades de transtornos para os demais colegas. Ele aceitou de boa e voltou. Abraçamos, nos despedimos e desejamos sucessos um para o outro. Não sei o paradeiro dele. Ele era uma pessoa legal. As drogas prejudicavam ele. Os pastores e Ministros de Música vocacionados para o Ministério nas Igrejas, são seres humanos normais. Alguns lidam com problemas sérios. Cada ser humano tem uma história de vida. Uma pessoa que estuprou alguém, foi condenado justamente e cumpriu pena legalmente pode posteriormente ser um excelente pastor? Pode. Pode ser Super competente atuando em outras áreas. Aquele rapaz que teve o projeto ministerial interrompido em 2007 está bem? Joe

Em dezembro de 2020, Diogo Rebel (Diogão) completou mais um ano de vida. Lembrei do aniversário dele outrora, quando redigi um testamento histórico narrando vários fatos que marcaram nossa amizade de raíz. Eis aqui um resumo da importância do Diogo na minha vida: Ele foi a primeira pessoa que eu vi pessoalmente quando cheguei no Campus da Faculdade Batista do Rio de Janeiro (antigo Seminário Teológico) as 6:30 da manhã em fevereiro de 2000. Eu cheguei de táxi com malas e vi um mancebo magrinho na porta do internato. Era Diogo que provavalmente saía para tomar café na tia (café patrocinado pelo CADs). Na nossa turma e demais turmas de música sacra e teologia, os alunos foram educados na tradição dos hinos e cânticos espirituais. Diogo foi criado numa família de pais e parentes ateístas que tocavam bossanova, sambas, e conheciam repertório de Schoenberg e Stravinsky, liam poesias e nao liam a Bíblia. Milagrosamente, Diogo havia se convertido numa Igreja Batista e decidiu se matricular no Bacharelado em Música Sacra para trabalhar como obreiro. O pai do Diogo bancava aquele curso caro. mas depois Diogo trancou o curso na metade. Diogo foi trazendo CDs de Tom Jobim, Edu Lobo, Chico Buarque, Toninho Horta, Hermeto Pascoal e afins. Ele foi me introduzindo num outro mundo musical super sofisticado e fui devorando aquilo com MUITA FOME cultural. Me lembro que ele contou que foi num concerto do Itiberê e Orquestra Família e voltou falando empolgado sobre a super competência dos jovens músicos que improvisavam e quebravam tudo harmonicamente. Diogo me apresentou o disco Pedra do Espia. Copiei o CDs e escutei milhoes de vezes. Me emprestou 4 apostilas manuscritas do Ian Guest sobre harmonia funcional. Eu trabalhava como seminarista na Igreja Batista de Sumidouro e nas horas vagas, eu ficava estudando aquele material. Quando fomos seminaristas, Diogo foi um super COLABORADOR nas oficinas de música e cantatas que organizei em Sumidouro e no primeiro concerto autoral que dirigi em 2002 na capela da FABAT fruto do legado do Diogo. Justamente porque Diogo nao nasceu em berço cristão, ele foi um DIFERENCIAL naquele Campus Teológico trazendo ALGO NOVO para os colegas. O CADs (grupo estudantil) organizou um sarau com músicas profanas, e quem tocou? Diogo e Daniel Rebel. Daniel Rebel nao sabia orar, mas sabia tocar maravilhosamente BEM e Deus se alegrou daquela performance jobiniana naquela capela consagrada aos hinos. Depois que me mudei para a Alemanha, estive no Brasil duas vezes (2017 e 2019) e visitei o Diogo nas duas ocasiões. Ir na casa do Diogo e Família, significa visitar ENTIDADES SAGRADAS. Em 2004, tive a honra de ir na cerimônia de casamento do Diogo numa Igreja Católica em nova Friburgo num domingo as 10:00 da matina. No sábado anterior, eu fui para a Rodoviária e Diogo me ligou: Joe! O André (Codeço) está indo para a Rodoviária, mas está sem dinheiro. Você pode comprar a passagem dele? sim sim. Chegamos em Friburgo e Diogo e noiva foram nos buscar de carro. Ela dirigia e Diogo nao sabia pilotar automóveis. Naquela noite, Diogo convidou-me junto com o André para jantarmos massas. Foi a despedida de solteiro com apenas 3 amigos. Em 2019 encontrei Diogo em Campus pilotando carros com absurda competência carregando 3 filhos para o colégio, compras e afins. Diogo tem se destacado como professor Universitário, coordenador de Licenciatura na IFF em Campus, e super competente como bom marido e SUPER PAI sempre presente. Na nossa turma de bacharelado em 2000, Diogo sempre foi um colega ORGANIZADO. Que pena que ele nao se formou conosco em 2003. Eu e André Codeço ficamos para titia sem filhos, mas Diogo compensou-nos com 3. Quando o Francisco filho mais velho do Diogo completar 18 anos, ele e a esposa Andressa lerao uma carta secreta redigida pelo André em homenagem ao primogênito. Carta escrita quando o Francisco nasceu. André Codeço além de super músico, competente cientista, também é muito sensível e afetuoso. O que André escreveu naquela carta lacrada? Somente Deus e Diabo sabem, e sabem que Diogo e Andreza irao chorar quando ler o conteúdo da carta. André psicografou palavras DIVIVAS. Esta foto feita em maio de 2019, quando Diogo e Henrique me convidaram para falar humorísticamente para os alunos numa turma de Licenciatura em Música no Instituto Federal Fluminense. Thank you very much. Gratidão do amigo Joe SABUGO.

Nossas fratulências

Eu estava numa aula online com o microfone ligado. Esqueci de colocar mudo o microfone. Eu soltei um peido muito alto. A professora germânica ficou ASSUSTADA e comecou rir muito. Os demais colegas também. Mas, ela justificou que nao havia ameaca porque o cheiro nao era acessível a todos. Quem peidou? perguntou ela? Quando eu era crianca, eu adorava peidar silencioso e mortífero nas aulas. Eu disparava mísseis e os professores piravam. Hoje tive azar: ESCAPOU pontualmente na hora incerta.

Delírios de júbilo numa comunidade de fé

Em 1995 e 1996 eu dei assistência semanal tocando nos cultos de quinta-feira na Congregação Batista na nona rua em Itaituba no Pará. Era uma comunidade de fé formada por pessoas muito humildes. Em março de 1996, o líder e evangelista José Wilson Fernandes organizou uma homenagem no meu aniversário; No final do culto eles apresentaram-me esta obra de arte: Bolo instrumental. Fiquei surpreso e fiquei possesso por DELÍRIOS DE JÚBILO. A fotografia canonizou aquele momento delirante repleto de GRATIDÃO.

Efeitos de um sonho erótico na casa do Senhor

Em 2009 eu trabalhava numa Igreja Presbiteriana no Rio de Janeiro e na noite de sábado para domingo, tive um sonho erótico. Eu acordei e narrei o sonho no grupo de emails dos membros daquela igreja. Eu cheguei no culto e um presbítero me abordou: Joe! Tu és maluco? O culto ainda não começou e todos estao comentando sobre o teu sonho de sacanagem. Até as mulheres idosas estão EXCITADAS. O culto iniciará em poucos minutos e o rebanho está todo desconfigurado desconectados da vida de santidade. Na Escola Bíblica Dominical, o tema principal foi o SONHO DO JOE. Porque tu escreve sobre teus sonhos no grupo da igreja? Joe! você nao pode escrever tudo o que você sonha. Em 2011 eu saí daquela igreja, mas enquanto trabalhei lá, fui sempre original e língua solta. TABU ZERO. Uma senhora idosa perguntou ao reverendo: Pastor! porque este rapaz que você convidou escreve que "Jesus tinha uma gangue de Samurais?" Ah irmã. Isto é coisa da cabeça do Joe. Pergunte à ele. Pastor! Porque este rapaz pegou o microfone no culto e falou que "precisamos MOLHAR O BISCOITO"? Ah! irmã. Sei não. Pastor! tens certeza que este rapaz é nosso "irmão em Cristo"? É SIM, mas é do jeito dele. Joe

Exploração de seminaristas nas Igrejas

Ontem conversei com um pastor sobre o tema exploração de seminaristas nas igrejas. Narrei para ele duas situacoes em que precisei agir com FEROCIDADE para colocar limites: Em 2002 eu trabalhava numa Igreja (sem carteira assinada) e entrei de férias. As minhas férias colidiram com o retiro de carnaval. O pastor da Igreja comecou ligar para a casa de meus pais ENCHENDO O SACO exigindo minha presenca para tocar no retiro. Eu disse NAO. NAO IREI. O cara insistiu, pediu para o pai dele ligar para me convencer e eu disse: tu nao é mais pastor na Igreja, portanto, NAO SE META. O filho pastor tornou ligar e eu mandei ele parar com aquela palhacada. Regressei a igreja após as férias e continuei FIRME. Decidi sair de lá. Saí e fui para outra igreja. Posteriormente, já formado fui trabalhar numa outra igreja e havia um seminarista que era muito próximo do pastor. Ele ficou enciumado quando soube o valor que pedi para trabalhar lá. O cara nao se ligou que o meu passe valia bem mais do que o dele, porque eu nao era mais seminarista. Comecei trabalhar lá sem carteira assinada. 12 meses depois, entrei de férias e logo no primeiro domingo das minhas férias, o tal seminarista me ligou para tocar na igreja. Eu reagi: estou de FÉRIAS. Ele ficou um URSO e queria exigir que eu fosse tocar no culto. Eu disse NAO, e mandei ele CALAR A BOCA. Bati o telefone. Regressei de férias e o tal seminarista estava quietinho. Nunca mais se meteu onde nao devia. Imagine se ele fosse o pastor Titular daquela igreja. Botei limites. Nossas igrejas carregam décadas de exploracao de seminaristas que trabalhavam sem carteira assinada. O rastro é ASSUSTADOR, mas a maioria dos vocacionados, aguentaram calados desaforos nas relacoes de poder. Eu aprendi em 1999 nao levar desaforos de NINGUÉM. Em 1999 enfrentei um pastor empresário durante um culto em Manaus quando ele tentou me humilhar. Fui para cima dele e ameacei de PORRADA. Os membros da Igreja assistiram de CAMAROTE e ninguém se meteu. 3 dias depois, bati a porta do escritório dele na CARA dele (pastor empresário). Ele fez um acordo boca a boca e nao queria cumprir. Depois abusou do poder sendo grosso comigo na frente de todo mundo. Eu CRESCI prá cima dele como um LEAO FEROZ. Em com 21 anos jamais iria perder no mano a mano para um obreiro com 50 anos de idade. A coisa esquentou e um outro pastor decidiu agir como moderador. Colocou nós dois frente a frente, conversamos de boa e ele CUMPRIU O ACORDO. Quem aguenta desaforos calados, fica doente todo reprimido na alma. A vida me ensinou saber se defender. Em 2001, o coordenador do curso de música sacra na Faculdade Batista do Rio de Janeiro (STBSB) aplicou uma "prova surpresa" numa das aulas onde ele era o professor. Ele pediu para os alunos da minha turma escolherem trios porque a prova seria feita em trio. Quando fui escolher meu trio, ele na cara de pau bradou: "Joevan fará a prova SOZINHO". Porque sozinho? "Porque EU QUERO ASSIM". Eu peitei o professor/coordenador DITADOR e disse NAO. Farei em trio. Esculachei ele e nenhum de meus colegas se manifestou para me defender. Todos ficaram calados com olhar de rabos presos num ambiente OPRESSOR. Sorte daquele ditador, porque os celulares com câmeras nao haviam se popularizados. Se um vídeo vazasse na lista dos Batistas, daria MUITA MERDA para ele. Nao há vídeos, mas há MEU DEPOIMENTO. Nossos seminários teológicos sao antros de CONCORRÊNCIAS DESLEAIS. Porque há mais pastores formados do que vagas disponíveis, é natural uns querendo passar a perna em outros para conquistar as vagas no pastorado (algumas vagas oferecendo ótimos salários). Ontem fechei o mês de marco trabalhando numa empresa de engenharia elétrica em Leipzig. Eu cumpro meus horários e vou embora. Semana que vem estarei de folga. Regressarei somente em abril. Está no contrato assinado. Os seminaristas que trabalhavam sem carteira assinada, estavam tao vulneráveis quanto estrangeiros que trabalham ilegal na Europa, Estados Unidos, etc. Ficam vulneráveis as exploracoes e humilhacoes nas relacoes de poder.

Sobre o caso pastor Lulu Saião

Outrora um pastor Batista pesquisou bastante para pregar um sermão sobre as células tronco num culto pela manhã. Numa Igreja Presbiteriana um pastor se dedicou muito para preparar um sermão psicanalítico. Num outro sermão ele citou e comentou uns 5 filmes excelentes. Fui convidado para dirigir a Música num Congresso sobre Cultura Brasileira. Lá cantamos samba, frevo, baião, bossanova, jazz e afins da sofisticação sonora. Repassamos a palavra para o pregador convidado e ele investiu quase 90 minutos para "provar cientificamente que homossexualidade é perversão e que Deus condena o rabo de viados acima dos 18 anos". Imaginem o Maradona armando aquela jogada genial em 1990 contra o Brasil e o Caniglia atacante cagando na bola e chutando para fora. Pois é... Foi assim que eu me senti entregando a bola para o pastor Lulu Saião.

O que é Música abstrata?

Fui numa festa o dono do apartamento da área de engenharia pediu à um convidado compositor para mostrar as composicoes que ele escreveu. O que você vai nos mostrar? Ah! Vou mostrar a você repertório de "música eletrônica". Oba! Que legal!!!! Vamos curtir bastante. Vai ser legal. Ele ligou e comecou a tocar um monte ruídos, etc. A cachorra da família comecou a correr em volta da casa procurando a origem daqueles ruídos. Depois ela ficou com medo e pulou no colo do dono. O engenheiro ficou escutando e reagiu: Ué? Nao estou entendendo nada. Isto é música? É música abstrata. É "Neue Musik". Música Contemporânea. Arte Moderna? sim sim sim. Natürlich. O rapaz comecou a explicar filosoficamente as estratégicas composicionais daquela obra e o povo ficou boiando. O engenheiro me falou em português: Joe! Ainda bem que o pai dele é rico e pode bancar ele, porque se ele dependesse da música para viver, com este tipo de repertório ele MORRERIA DE FOME. Alunos de composição que sao excelentes músicos populares chamam isto de "música que não come ninguém".

Os educadores musicais nas Igrejas, Escolas e Universidades, podem motivar os alunos trabalhar profissionalmente com entusiasmo, mas sem mistificar/fantasiar a música. Precisam jogar limpo com os alunos mandando a real: Fazer músicas (plural) é tao competência aprendida quanto qualquer outra atividade profissional. Nao deu certo trabalhando na música? Tente trabalhar em outro ramo. É super músico, mas nao está satisfeito profissionalmente? Vá fazer outra coisa. Música nao é religiao nem é dom divino. O importante é trabalhar e pagar as contas em dia. Um amigo super pianista me falou em abril de 2019: eu entrei no mundo da música motivado pela igreja que construiu um discurso mágico em torno da música. Estou estudando para ser diplomata e quero largar a música. Ele é concursado, mas trabalha MUITO. Conheco ex-seminaristas de teologia que se formaram seduzidos pelo discurso mágico de "chamado divino", foram empossados como pastores em igrejas e depois de alguns anos decidiram trabalhar em outro ramo visando o ganhar o pao $$$$$. Se reinventaram para continuar pagando as contas que chegam todo mês. Mudar de profissao é muito difícil principalmente quando a pessoa aflita foi condicionada que a área que ela exerce é fruto de "dom divino". Nao existe "dons divino". Existem competências aprendidas. Aprendeu pregar? Aprendeu tocar instrumento? Pode aprender pilotar um aviao. Basta fazer um curso de pilotagem.

No amor reside o GLAMOUR

Em abril de 1996 toquei no casamento de um casal em Manaus. A noiva era minha conhecida do interior do Pará e fui testemunha de todo processo namoratrix até a cerimônia oficial. O pastor da Igreja era Empresário e organizou/patrocionou aquele evento. Após a festa jantar coletivo, aquele pastor discretamente deu uma quantia em dinheiro para o casal e falou para o amigo noivo: esta grana é para você passar a noite num motel ou hotel de luxo com a tua esposa. Ambos eram pobres e gozaram numa cama luxuosa naquela noite. Me lembro que o noivo era taxista, alugava um táxi e vivia numa casinha muito humilde. Gosto de narrar gestos simples, discretos e nobres que experienciei ao longo da vida. Ontem 27 de abril de 2020 o casal comemorou 25 anos juntos postando a foto matrimonial nas redes sociais. Na alegria ou na dor, na riqueza ou na pobreza, há 25 sao PARCEIROS. E viva a ALQUIMIA AFETIVA por mais MIL ANOS. Narrei sobre uma PARCERIA QUE DEU CERTO.

O dia de Pentecostes pela perspectiva do cinema

Assisti UM FILME FALADO do diretor português Manoel de Oliveira e me deparei com um trecho onde John Malcovich que é o capitão de um navio cruzeiro convida três atrizes para jantar e papear numa mesa. Cada ator fala em sua própria língua e todos entendem o que o outro está falando a respeito da história das civilizações. Há uma atriz grega, uma francesa, uma italiana e o John Malkovich conversa em inglês. De repente, John Malkovich vê uma atriz portuguesa que estava acompanhada de sua filhinha e convida as duas para fazerem parte da roda histórica-filosófica, no entanto, as três atrizes conchavas de Malkovich não entendiam a língua portuguesa, mas Malkovich entendia porque ele havia morado no Brasil por algum tempo, daí ficou um silêncio e pensaram: e agora? Mas a atriz portuguesa é bilíngue e falava inglês fluentemente, mas não entendia as outras. Como todo mundo entendia inglês, o papo seguiu seu fluxo normal em inglês. Então houve acordo, houve manifestação, houve acolhimento e agregamento dos outros porque houve entendimento. Penso que a narrativa bíblica do dia de Petencostes se coadunaria perfeitamente a este trecho do filme. No meio da Babel da multiculturalidade, as pessoas sempre encontram um jeitinho de se comunicarem usando inteligências comunicativas alternativas e se viram nos trinta.

Esta foto registrou o dia em que meu pai, minha mãe e meu irmão decidiram abandonar a região norte (Transamazônica) e regressaram ao sudeste. Minha mãe estava muito doente no limiar entre a vida e a morte. Foi uma decisao a SANGUE FRIO. Ou chutavam o balde e buscavam tratamento no sul e sudeste, ou minha mae morreria ali em pouco tempo. A cidade nao oferecia condicoes adequadas para reverter o quadro. Eu não fiz aquela viagem histórica em novembro de 1995 junto com eles, pois eu já morava numa outra cidade. Eu me emancipei dos meus pais em julho daquele mesmo ano. Fiz em 1999 migrando por outro caminho via Itaituba-Manaus-Espirito Santo and Rio de Janeiro. A foto registra meu pai, minha mãe, meu irmão com camisa listrada e meus tios e primos por parte de pai em Medicilândia (Km 90) pertinho de Altamira. Este ônibus da Empresa Transbrasiliana conduziu meus pais ao Sudeste. Uns vao, outros ficam. Assim funciona a dinâmica da vida feita de fluxos idas e vindas. Em janeiro de 2017,estive em Umuarama no Paraná e reencontrei vários protagonistas nesta foto, exceto a minha tita Dalila Emerich que faleceu vítima de um acidente em 2016. Recomendo escutar a obra encontros e despedidas interpretada pela cantora Maria Rita.

Tia Ester Caitano! Como ocorreu a decisão de migrar do Paraná para o Pará em 1978? Sobrinho Joe! meu marido (Daniel Caitano) e teu tio Antonio Caitano eram funcionários federais. Ambos tinham uma vida boa trabalhando como guardas do Banco Nacional. Receberam treinamento em Curitiba. O salário era bom e eu não precisava trabalhar. Ele me levava para o cinema e afins. Eu vivia uma vida de princesa abensonhada. De repente meu marido decidiu ir para a Transamazonica visando ser fazendeiro em parceria com o irmão dele Antonio Caitano. Seduzidos pela propaganda da TV e dos militares, eles pediram demissão daquele emprego e migraram. Eu fui NA MÁRRA, pois mulheres naquela ocasião não tinham voz e nem tampouco poder de decisão. Os maridos decidiam e a gente tinha que aceitar. Viajaram de ônibus? Sim. 7 dias viajando cruzando o Brasil até chegar na "terra prometida". Uma aventura para uma mulher adestrada no sul do Brasil. Um choque também com outra realidade. Como foi o processo de adaptação lá no norte? Ah meu filho!! Nas duas primeiras semanas, eu, tua tia Dalila Emerich (falecida em 2016) comíamos somente banana o dia todo junto com as crianças. Os dois maridos saíam para trabalhar na roça e traziam dinheiro e comida no final do dia. Eles eram diaristas? Creio que sim.. Até comprarem o sítio, tiveram que trabalhar como peões bóias frias. Quando compraram o sítio? Acho que alguns meses depois, os teus dois tios compraram o sítio para pagar em conjunto. Eles trabalhariam e pagariam ao Incra. Meu pai falava superficialmente sobre a morte do tio Daniel, mas sem detalhes. Poderias nos esclarecer sobre aquele trágico fato? Quando teus tios compraram o sítio, eles colocaram gado e plantaram a lavoura para a colheita. Quando tudo estava arrumado, meu marido (Daniel Caitano) faleceu viajando de Kombi voltando de Altamira para Medicilandia. Eu enloqueci. Esperei sair o seguro da morte e imediatamente voltei para o Paraná levando a minha filha e o filho Johnson. Viajamos de onibus do norte até o sul. O ônibus quebrou no caminho, ficamos dois dias parados e faltou comida na estrada. E como foi o recomeço no Sul? Voltamos para Iporã no Paraná e lá a minha sogra e cunhadas foram anjos da guarda para nós naquele difícil recomeço sem o marido provedor. Sustentei os filhos e construí a minha casa trabalhando como zeladora da Igreja. O pastor da Igreja ainda me deu emprego de costureira para ampliar a renda. Fui construindo minha casa aos poucos. E os teus filhos? Minha filha morreu com 19 anos vítima de uma doença. Meu filho Johnson nascido no Pará, ganha a vida como confeiteiro e também construiu a casa dele com muito suor. Como seria a tua vida se o teu marido não migrasse para o norte em 1978? Ah! ele teria me deixado uma excelente pensão caso ele falecesse posteriormente. Ele tinha um bom emprego federal e podia subir de posto seguindo carreira. E se teu marido não tivesse falecido em 1981 no Pará? Provavelmente, estaríamos todos no Pará, pois a morte do meu marido alterou tudo. O projeto de sucesso faliu com a morte do meu marido. Eu fiquei viúva no fundo do poço, teu tio Antonio entrou em depressão, teve que segurar as pontas, se endividou, teve problemas de pressão, teve que trabalhar de bóia fria depois para sustentar os filhos. Ou seja: aquela tragédia foi nocauteadora para todos ali. Você já foi visitar o túmulo do teu marido? Joe! Nunca mais voltei ao Pará. Meu marido foi enterrado no mato. Colocaram uma cruz, mas não havia registros de sepultamento. Havia registro de óbito. Onde os ossos foram sepultados? Somente Deus sabe o local exato. E vocês como estão agora? A vida segue para nós aqui. Desfruto uma vida de vovó que deu a volta por cima. O pior já passou; agora vivemos bem. Viu minha casa e a do meu filho? alto nível, né?? Tia Ester! Muito obrigado pelo depoimento. Para você, filhos e netos, deixo esta citação do saudoso Historiador Eric Hobsbawm: (...) a melhor história é escrita por aqueles perderam algo. Os vencedores pensam que a história terminou bem porque eles estavam certos, ao passo que os perdedores perguntam porque tudo foi diferente, e esta é uma questão muito mais relevante." Eric Hobsbawm (livro Pessoas Extraordinárias). Entrevista realizada em janeiro de 2017 em Umuarama no Paraná. Transamazônica [Transamargura] nas décadas 1970 e 1980: A saga das famílias Caitano e Emerich.
Meu tio Antonio Caitano declarou-me: "Perdi o irmão naquele TRÁGICO acidente no Pará, entrei em depressão e outras doenças; comi o pão que o diabo amassou para continuar vivendo sustentando filhos pequenos. Em 2000, decidi voltar para o Paraná visando escolaridade e estabilidade para meus filhos. Quando a vida estabilizou-se aqui com todos os filhos empregados e com casa própria, perdi a minha esposa Dalila Emerich (40 anos de casamento) num acidente de carro em 2016. Fiquei sem chão novamente, mas não perdi a fé em Deus e em Jesus. Te louvarei, não importam as circunstancias".

Tia Ana Matos! Me lembro de você visitando a casa de meus pais quando eu era criança. Recordo-me que teus filhos Beatriz e o Raulinho brincavam comigo com os jabutis no quintal da nossa casa em Rurópolis no interior do Pará.. Estamos aqui conversando em Mambucada região de Angra dos Reis fazendo um recuo histórico no tempo do tempo. O mundo dá voltas para alguns, né? Conte nos um pouco sobre os anos que antecederam a decisão de migrar para o norte do Brasil! Quero entender este quebra cabeça. Joevan! Em 1971, eu e a tua mãe (Maria Evangelista) fizemos concurso para professora em São João de Miriti no Rio de Janeiro. Fomos aprovados com facilidade e começamos a lecionar. Trabalhávamos meio turno e recebíamos um salário relativamente estável. Eu adestrada na roça e depois em Campos (cidade calma e segura naquela época), senti o impacto da cidade grande e começei a sofrer de SÍNDROME DO PÂNICO. Não havia tratamento adequado para isto naquela ocasião e eu fui pirando. Eu chutei o balde, pedi demissão do emprego público e voltei para a Campos com aquele assombro psicológico que continuou. E a minha mãe? Joe! a tua mãe e a tia Lidia tinham unção de beatas super espirituosas. Tua mãe ficou possessa pela vocação e pelo chamado divino para fazer Missões e também abandonou aquele emprego estável para estudar no IBER (centro teológico batista para ninfetas com e sem santidade). Ninfetas absurdamente fogosas né? Aham..Certamente Hum!! Tia! me lembro da minha mãe contando que meu avô paterno (Oséias Mattos) não gostava de negros, pois era racista. Minha mãe dizia que quando ela foi estudar no IBER, enviaram ela para fazer estágio na Favela do Jacarezinho e lá 99,999999% das pessoas eram NEGRAS cor de carvão. Minha mãe dizia que era convidada para almoçar na casa dos irmãos da Igreja (negros) e quando colocava a comida sobre a mesa, o estômago travava tudo). A corneta do meu avô apitava na consciência e ela não conseguia comer sequer 10 gramas de comida. Se comesse vomitava, pois era comida cozinhada por negros. Minha mãe disse que aquele racismo foi sendo curado pela convivência direta com os afros favelados. Foi um longo processo de desintoxicação herdado do meu avô racista descendentes de portugueses donos de escravos. Sim Joe...lembro disto. Tua mãe casou com um negro em 1977. Teu avô pirou. Nem foi na cerimônia de casamento na Igreja Batista Monte Tabor no Rio. Você poderia nos contar como ocorreu o processo de migração do Rio de Janeiro (Sudeste) para aquele fim do mundo que era o norte do Brasil nos anos 80? Eu estava desempregada em Campos e tua mãe havia migrado para Rurópolis (Pará) em 1984 e trabalhava como professora no Colégio Estadual da cidade. Ela se prontificou a me ajudar lá arrumando emprego. Em 1987 recebi uma parte da herança da minha avó e fiquei na dúvida se comprava uma boa casa em Campos ou se migrava para o Pará. Deus ou Satanás me tentaram para ir para o Pará. A viagem de ônibus e navio fazendo trocentas conexões durou 10 dias. Eu, meu marido (falecido em 2016), meus dois filhos pequenos sofremos muito viajando. Erramos o caminho e ferrou tudo. Conseguimos chegar em Belém e tivemos que ficar 3 dias esperando um navio para Santarém. Conhecemos Belém naquela peregrinação. A viagem de navio durou 3 dias e foi uma Aventura. Num andar do navio havia cultos petencostais e no outro andar havia festas de carnaval. Fomos para o culto e meu filho de 7 anos se converteu à Jesus. Meu marido ia para as festas de Carnaval e voltava pórre e todo cheio de marca de batom. A mulherada lá atacava homens solteiros e casados sem pudor e temor. Durante aquela travessia, meu marido lindo e maravilhoso foi atacado por mulheres paraenses ávidas por muito sexo em alto mar. Ele não resistiu a sensualidade conjunta daquelas piranhas e cedeu. Quando o navio aportou em Santarém, meu marido seguiu a vida dele (sem dinheiro) e eu viajei com meus filhos para Rurópolis. Rolou divórcio naquele navio? Sim Joe...levei muitos chifres naqueles 3 dias. E teu ex marido? Ah! Mal ele desembarcou solteiro e sem dinheiro em Santarém, ele já arrumou uma amante com dinheiro e ela sustentou ele durante alguns anos. Eu viajei para Rurópolis sozinha com os meus dois filhos pequenos E tua vida em Rurópolis? Pegamos um ônibus de Santarém até Rurópolis e enfrentamos estrada de chão. Quando desci do bus na Rodoviária, LEVEI UM SUSTO. Me dei conta que eu estava num buraco e quase sem dinheiro. A grana da herança havia sido consumida naqueles 10 dias de viagem com 4 pessoas com voracidade de dinossauros comiloes. Tu arrumou emprego em Rurópolis? Trabalhei como professora de português na escola estadual que tua mãe trabalhava. Trabalhei uns 5 meses e não recebia. Tua mae tirava do salário dela para eu nao passer fome, mas mesmo assim passamos necessidade. Tua mãe assumiu a direção daquela escola e descobriu que os meus documentos não haviam sido enviados para Belém para o registro de funcionária estadual. Tua mãe pediu para eu ficar porque ela iria regularizar a situação, mas eu com filhos pequenos e sem receber, decidi ir para Santarém. Eu estava dura e tua mãe doou um salário para eu me manter temporariamente em Santarém com duas crianças pequenas. Em Santarém aluguei um quarto e toquei minha vida. Lá tu foi professora? Sim. Lecionei em escola particular e afins. Fiz de tudo um pouco. E o teu marido? Quando brigava com a amante, voltava para mim. Apesar de tudo, eu amava muito ele. Se Salomão tinha 1000 mulheres e todas viviam sem conflitos, porque deveria eu pirar o cabeção com algumas concorrentes? Ele era LINDO. Quando bebia, ele se tornava UM MONSTRO com muito mais ferocidade do que o temível Leao da Tribo de Judá, mas quando ele estava lúcido, era um Top cavalheiro, manso e divertido de coracao. Como ocorreu a decisao de retornar ao Sudeste no final da década de 80? Meu filho Raulinho sofria de problemas de saúde e o médico recomendou que ele retornasse imediatamente para o Sudeste, pois o clima no norte era geratrix daqueles males na pele, etc. Caso eu permanecesse lá, meu filho padeceria e morreria.Decidi voltar para Campos e informei a gravidade da situacao ao meu marido garanhao. Ele lutou com unhas e dentes para conseguir dinheiro para 3 passagens de aviao pela VASP, mas nao foi possível. Aviao era somente para RICOS nos anos 80. Ele comprou 3 passagens de Navio saindo de Santarém para Belém e lá eu peguei um ônibus de Belém para o Rio de Janeiro. Eu viajei gravida da minha Terceira filha Carina. Quando chegamos em Belém 3 dias depois, nao havia passage pela manha e tivemos que esperar até a noite a saída do Bus. A viagem de bus durou 2 dias. Nao foi fácil viajar 5 dias com duas criancas pequenas e uma bebê agitando-se na barriga. E como foi o recomeco no Sudeste? Acertei com o meu marido que eu iria para Campos e meu marido conseguiu um Kitchnet da família dele para eu morar temporariamente. A família do meu falecido esposo, me deu suporte naquele comecar de novo”. E teus filhos Beatriz e Raulinho quando voltaram? O que fizeram da vida? A Bia entrou em crise quando ficou reprovada na sétima série do antigo primeiro grau. Quis se suicidar e tudo. Desistiu de estudar e só retornou posteriormente para concluir o Ensino Fundamental e Ensino Médio. Obs: a tentativa de suicídio ocorreu devido à vàrios fatores turbulentos que convergeriam naquele ano. Ohhhhhhhhhh my god. Os chineses que agem assim. Piram o cabecao quando sao reprovados em alguma disputa. Desde criancinhas sao adestrados a serem perfeitos. Tia! Tu sabia que eu fiquei reprovado em matemática na quarta série e minha mae teve uma ideia genial? Ela me colocou na aula de violao e minha vida mudou. Saí daquela vida de peao bóia fria e a música me levou para Itaituba, Manaus, Espírito Santo, Rio de Janeiro e em 2013 para o doutorado em Musicologia numa Universidade na Alemanha. Interessante, Joe!!!! Joe! Desde os 11 anos a Bia tinha corpao e os homens paraenses e nordestinos ficavam alucinados com libido de gaviao loucos para namorarem minha filha. Bia sempre foi linda, sensual e super comunicativa. No sudeste, ela conviveu com advogados, juízes, professores universitários, empresários, engenheiros, etc da elite. Bia nao fez Faculdade, mas é uma mulher culta porque acessou gente altamente escolarizada. Bia viajou muito para várias regioes do Brasil. Em Sao Paulo, Bia trabalhou e ajudou sustentar a casa. Eu doente e desempregada, só nao sucumbi porque a Bia ralava muito fazendo trocentos trabalhos alternativos para nao deixar a petéca cair. Bia estabilizou-se financeiramente quando casou-se com um homem 20 anos mais velho do que ela que era divorciado. Ele tinha uma boa estrutura $$$$$$ e foi uma pessoa muito importante para a estabilidade da nossa família. Sou muito grato à ele. Tia Ana! O Brasil é um país marcado pela tradicao oral. A tradicao escrita, outrora reservada somente para os filhos (as) dos ricos era epigonal. De alguns anos para cá que a tradicao escrita foi acessada pelos pobres. A tua filha foi e é portadora da tradicao oral. Chamar uma pessoa que nao sabe ler e escrever de “burro e analfabeto” é um ato de ESTUPIDEZ RETÓRICA daqueles que evocam a tradicao escrita num país dominado pela TRADICAO ORAL. Quem carrega a tradicao oral, é portador de muita cultura. Se acessamos narrativas nos evangelhos atribuídas à Jesus, é porque elas foram resgatadas da tradicao oral. Jesus discursava em aramaico e a tradicao escrita registrou aqueles discursos e adaptou-os a língua grega. Lembram do Senhor Lula? Independente de quem gosta ou nao (figura publica divide opinioes), Lula sabe mais de política do que trocentos doutores e pós doutores em Ciências Políticas. Lula aprendeu política na MELHOR ESCOLA DE POLÍTICA DO PLANETA: Convivência direta com politicos profissionais e grandes empresários no mundo todo ao longo da carreira dele. Quem chamava Lula de “analfabeto” dava tiro no próprio pé. Salve a Bia e a super cultura fruto da tradicao oral e pelo convivío com uma pluralidade. É isso aí, Joe! E o Raulinho? Tomei conhecimento que ele faleceu vítima de um cancer na cabeca. Pode esclarecer sobre o ocorrido? O Raulinho tinha uma doenca desde o nascimento. Aquele tumor já veio desde a infancia, mas nao foi descoberto. O Raulinho vivia com preguica, sono, tonturas e uma sinusite braba. Quando ele ia ao medico, faziam apenas o Raio X e receitavam remedios que nao curavam. Quando a situacao dele piorou, resolveram fazer a tumografia e o teste acusou um TUMOR NO CÉREBRO. Era incurável. Raulinho já tinha 30 anos e aquele tipo de cancer só se manifesta depois dos 30. Raulinho morreu com 32 anos e com paralisia no corpo todo. Nossa comunicação nos ultimos meses, ocorria apenas por movimentos dos olhos. Está sentindo dor? Fecha os olhos. Está senido pouca dor? Abre os olhos. Ele entendia os comandos emitidos por mim, mas a boca nao conseguia reagir. Ele sucumbiu assim. Abrindo e fechando os olhos quando eu falava com ele. Ele morreu em 2010. Era uma pessoa muito divertida. Todo mundo aqui gostava dele. Estou triste!!! Saudade é a mae arrumar o quarto para o filho que já morreu. E a tua filha Carina? Carina casou-se com um rapaz que trabalha na Usina Nuclear aqui em Angra dos Reis. Ambos estao estabilizados. Carina nasceu fruto daquele fuca fuca meses antes do nosso retorno ao sudeste. O marido brigava com a amante e ia para a minha casa e lá ROLOU. Carina veio ao mundo e é a minha anja da guarda. É ela quem me dá suporte na velhice. Pois é tia.. Conheci a Carina em 2005 em Teresópolis na Igreja do pastor Zilmar e agora aqui em Mambucaba. Ela e o marido sao duas pessoas gentis. Ambos cabeca fresca…Ambos jovens sem frescuras e EMANCIPADOS. Muito obrigado pela atencao e pelas informacoes que nos ajudam a entender parte da família Matos recuando no túnel do tempo. Muito obrigado pelo depoimento. Para você, filhos e netos, deixo esta citação do saudoso Historiador Eric Hobsbawm: (...) a melhor história é escrita por aqueles perderam algo. Os vencedores pensam que a história terminou bem porque eles estavam certos, ao passo que os perdedores perguntam porque tudo foi diferente, e esta é uma questão muito mais relevante." Eric Hobsbawm (livro Pessoas Extraordinárias). Entrevista concedida à mim (Joevan de Mattos Caitano) em 15 de Janeiro de 2017 na casa da minha tia Ana Matos em Mambucaba (parque perequê em Angra dos Reis).

Racismo no cotidiano

Assisti o filme GENTE di ROMA do diretor italiano Ettore Scola. A câmera vai mostrando o cotidiano da cidade multicultural. Numa determinada cena, um negro de um país africano entra num bar e pede para usar o banheiro. O atendente (dono sei la) de pele branca diz que nao é possível porque o banheiro está com problemas, mas ele nao especificou qual o problema. Daí o negro pediu uma Coca Cola e o atendente deu após o pagamento. Enquanto o negro bebia o liquido negro, o dono papeava com outro cidadao de terno e gravata. Na cara de pau o dono do boteco pediu para o negro sair porque o servente faxineiro (rapaz) iria limpar o local. O negro saiu e o coroa e o de terninho continuaram no balcao papeando. O negro la fora bebia e observava tudo. No silencio se perguntava: Porque ele pediu para eu sair do ambiente e continuou papeando com outro arrumadinho que estava do meu lado? Fui aluno de uma professora na UFRJ e ela namorava um africano do Senegal. Ela me contou que foi a Santiago no Chile e entrou numa loja de roupas. O namorado negao cor de carvao pediu uma roupa e perguntou onde era o local para testar a roupa. A atendente branca descendente de ingleses disse que ele nao poderia trocar porque nao havia local para isso. Logo em seguida, a minha professora pele branca pediu para experimentar a roupa e a atendente disse ok. Minha professora deu um ESPORRO do Capeta na frente de todo mundo naquela atendente racista. A mulher ficou toda sem graca e deve ter se mijado nas calcas com a porrada retórica que levou. A atendente nao sacou que ambos eram namorados. O racismo que despreza uns e baba ovo de outros está presente no dia a dia de milhares de lugares, pessoas e múltiplas situacoes as vezes sutis, as vezes descaradas.

Memória involuntária

O filme GENTE DI ROMA do diretor italiano Ettore Scola mostra uma cena chocante. Uma velhinha de uns 90 anos caminha calmamente numa rua e ao virar a esquina da rua recebe uma descarga de nostalgia. A mente comecou a fazer um download de imagens da Segunda Guerra Mundial numa velocidade incrível. O impacto da lembranca foi tao forte que ela caiu no chao e desmaiou. As pessoas que passavam por perto ajudaram ela a se levantar. Doidera!!!!! Este é um filme muito bacana que merece ser visto, pois mostra Multiculturalidade pulsante.

A Serpente da afetividade

No filme GENTE DI ROMA do diretor italiano Ettore Scola, há uma cena muito forte. Duas lésbicas estao papeando numa mesa fazendo carinho uma na outra, de repente, outra lésbica senta numa outra mesa e sutilmente comeca a encarar pelas beiradas uma das lesbicas comprometidas. A lesbica comprometida percebeu que estava sendo visada e sutilmente desviava o olhar projetando na outra do outro lado. A cada olhar, a outra secava a outra com olhares de Serpente da afetividade e a comprometida foi ficando cada vez mais hipnotizada pelo poder de seducao silenciosa que emanava do olhar sexy e possessa de desejo da outra. Aquele olhar arrebatador foi desestabilizando o papo do casal lésbico ao ponto de uma das parceiras se dar conta de que estava falando sozinha porque havia algo estranho no ar. Do nada ela bateu o olho e flagrou a Cobra Sedutora do outro lado da mesa. O semblante mudou e ela ficou ENDEMONIADA POR UMA LEGIAO DE CIUMES enquanto a outra sorria com cara de deboche. Mesmo enciumada e corroída por dentro, ela nao emitiu uma palavra. Apenas abaixou a cabeca com olhar de tristeza e impotencia enquanto via a parceira amada com pescoco virado, rendida, prostrada, toda de quatro para a sensualidade corporal do outro lado da mesa. A química e o desejo aterrizam pontualmente na Hora incerta. Sobre o desejo, vale a pena refletirmos sobre a descricao da escritora Martha Medeiros em seu livro Montanha Russa : „O desejo é um leão. Selvagem, carnívoro, brutal. Não permite acomodação: nos faz farejar, caçar, brigar pelo nosso sustento emocional. O desejo nos transpassa, nos rouba o sono, confunde o pensamento lógico. O desejo corrompe nosso bom comportamento, faz pouco caso da nossa índole intocável. O desejo não tem pátria nem família, o desejo não tem hora nem tem verbo, o desejo ruge, nosso corpo é sua jaula.“

Chamados por Deus para sermos PUTOS.

“Quando você não pode olhar dentro da alma de alguém, tente ir embora e depois voltar” (Poema de Pasternak) Num domingo após um culto bem divertido no início deste século, eu, Clayton, Will, Silvia e Luciana resolvemos reforçar nossa afetividade bebendo a urina de Cristo (cerveja) na casa do Clayton lá na Penha. Quem me conhece sabe que eu sou ruim de copo, pois depois da terceira leva, eu já começo a falar coisa com coisa, no entanto, naquele dia eu tomei todas e fiquei inteirasso, no entanto, o Clayton seminarista ficou muito doido. Já passava de meia noite quando resolvemos voltar. Pedi ao Clayton que me levasse até ao internato na Colina. Não sabia se iamos chegar vivos porque o motorista estava bêbado e sair no Rio depois das 00 horas é um risco de vida, no entanto, Clayton além de seminarista, é taxista, policial, cantor e marido nas horas vagas, daí ele pegou uma arma calibre santo e colocou um cinto cheio de balas e fomos para a Tijuca. Quando chegamos lá, fiz questão que ele fosse conhecer meu quarto com arte SURREALISTA. Quando entramos no quarto, nos deparamos com o pastor Samuca (o Esteta) que estava numa crise sinistra que incluía depressão, não desejo de tomar banho e implicações teológicas pois ele acentuava que o problema do cristianismo é a metafísica. Daí apresentei o Clayton para o Sam, daí já viu né? Conversa entre um bêbado e um depressivo crônico … imagine o papo que rolou… Enquanto o Sam expelia suas decepções e raivas com a existência, Clayton assinalava que eu havia dito que ele (Sam) era um jovem músico, teólogo, poeta hiper talentoso e que poderia ser uma benção na nação brasileira, no entanto, Sam retrucava dizendo que não iria rolar. Mas Clayton insistiu: Porque não vai rolar mano? “Porque eu estou PUTO com Deus, puto com minha família, puto com meu pastor, puto com meus amigos, puto com o Seminário do Sul, puto com o síndico do prédio 19, puto com minhas namoradas (ele era poligâmico), enfim, estou puto comigo mesmo pois nada dá certo prá mim, eu não consigo terminar os cursos que começei, tranquei o curso de teologia várias vezes como se trancasse a porta do meu quarto. O que fazer? Para onde ir? Quem tem a senha da vida eterna? Sam via o fantasma da negatividade em tudo, no entanto, basta acreditarmos num fantasma que ele existirá para nós. Penso, logo a coisa existe prá mim. Basta pensarmos em algo, para haver realidade psíquica em nós. A grande questão não é se existe ou não aquele objeto no mundo real, mas o que aquele fantasma representa para aquela determinada pessoa naquele determinado momento? Clayton ouviu atentamente as histórias malucas de Sam, relatos de culpa, porque aliás, a culpa é um fantasma malvado que nos maltrata incessantemente. Quando o Sam desabafou que estava Puto com Deus, então o Clayton mesmo chapadão, usou de sensibilidade inconsciente e profetizou no Palace XIX: “Somos chamados por Deus para sermos Putos”. Deus nos chama do jeito que somos, do jeito que estamos. Eu venho como estou, eu venho como estou, porque Jesus por mim morreu, eu venho como estou diz a letra de um velho hino cristão. Sam arregalou os olhos e desabou em risos pois aquela palavra inesperada abalou as guaritas mais secretas. Como diz o cineasta sueco Ingmar Bergman no filme ATRAVÉS DO ESPELHO: “Traçamos um círculo imaginário ao nosso redor para afastar aquilo que não faça parte do nosso jogo secreto. Cada vez que a vida rompe esse círculo, os jogos se tornam insignificantes e ridículos. Então, construímos um novo círculo de defesas”. Mas Sam ficou desarmado naquela noite histórica. Quando o Clayton foi embora, Sam comentou comigo: “Joe, esse seminarista do Longuini é porra louca demais…cara!! Adorei o cara, manerasso bicho…se fosse outro moralista, teria me afundado mais ainda no fundo de meu poço de águas crisicas. Ao invés de ele pedir pra eu orar, ler a Bíblia, encher o saco de Deus, fazer penitências, ele reconheceu meu estado humano, minhas fragilidades, meu clamor, minhas revoltas, minha dor profunda, meus anseios e desejos, meus recalques de seminarista desiludido com tudo“. Nessas horas de choro é preciso chorar com os que choram e cantar: “encoste a sua cabeçinha no meu ombro e chora (…); ame o seu próximo como se fosse você, como se a dor que ele sente fosse a que sente você”. Nessas horas é preciso suportar o silêncio da ausência de voz, é necessário ouvir o grito pois no grito há salvação. Não fuja das crises!!! Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram o Deus preparou para nós naquele dia de festa e dor, de álcool e doença. Vimos a Glória de Deus ao ver Sam, Clayton e eu morrendo de rir depois da profecia alcoólica de Clayton pois o clima mudou e tudo se fez novo. Sam viu uma luz no fim do túnel, pois a luz é o animal visível do invisível. Durante a trajetória terrena, Sam errou e acertou, mas na vida, tudo é caminho ou está “a caminho”, como na palavra TAO. Como pensava Martin Heidegger, nunca caminhamos sozinhos, pois o Eu nunca está só na sua experiência do Dasein (ser-estar-no mundo). Durante a caminhada, o mundo vem ao nosso encontro em forma de coisas e escolhas. O filme O curioso caso de Benjamin Buttom nos ensina que a vida consiste de oportunidades que perdemos e daquelas que aproveitamos. Somos a soma de todas as nossas escolhas diz Wim Wenders em Asas do Desejo. Ter sido velha de Sam, foi um grande achado para mim. Pensei até em escrever uma tese de doutorado sobre a vida de Sam. Seriam necessárias muitas páginas porque Sam foi um cara de cara pra vida, pois em todo momento ele jogou limpo consigo mesmo, como fez Sabine Spielrein, conhecida mundialmente por ter sido paciente e amante de Carl Jung. Aliás Spiel em alemão é jogo e rein é limpo. Spielrein significa Jogo Limpo. A história esqueceu Sabine Spielrein que foi lembrada apenas das crises e momentos afetivos que ela passou com Jung, no entanto, ela fez mais do que isso, pois ela atuou como psicoterapeuta na Creche Branca, escola moscovita voltada para a educação infantil. Ela fez um grande trabalho social lá no início do século XX. Num dos depoimentos durante o filme “Jornada da Alma” de Roberto Faenza, um velhinho relata que quando ela lecionava nos anos 20, havia muitas crianças, no entanto, uma delas passava o dia todo debaixo de uma mesa com os olhos fechados e com as mãos entrelaçadas. Ninguém conseguia separar aquelas mãos. Sabine não desistia na luta para libertar aquele menino daquele isolamento interior. Um certo dia, ela teve uma idéia genial ao trazer um macaco para tocar um piano de brinquedo. A criança ao escutar aquele som, foi abrindo os olhos paulatinamente e pela primeira vez abriu um sorriso naquela creche. Ao ver aquela cena animal-musical, as algemas que prendiam aqueles dedos foram se derretendo. Sabe quem era aquela criança? perguntou aquele senhor. Era eu. Nunca vou esquecer o que Sabine fez por mim disse ele. Mesmo que por acaso, talvez a grande sacada de Deus, foi levar o Clayton no nosso quarto, pois a simpatia claytiana fez com que as correntes que aprisionavam Sam derretessem com o passar do tempo. Como ocorreu com Sabine Spielrein, acredito que Sam foi vítima da história, dos colegas que desprezaram e viram nele um caso perdido, isto é, disseram que Deus fabricou-o para ser um herói, mas os acontecimentos fizeram ele se tornar um idiota. Por que eles pensaram dessa maneira? Porque não souberam esperar e recuar quando foi necessário, pois conhecer o outro com profundidade leva tempo e exige feeling. Como diz o poeta Pasternak“ Quando você não pode olhar dentro da alma de alguém, tente ir embora e depois voltar”. Moral da história: Sam voltou a estudar teologia no Seminário Teológico Betel (teve que recomeçar)…começar de novo (vai valer a pena …); Sam iniciou um romance com uma linda mulher (musa Adriana), se casaram e estão se amando loucamente; Sam é se formou no curso de teologia e foi empossado como pastor auxiliar na Igreja Crista em Ipanema. Sam é um exemplo de quem deu a volta por cima e reviveu; estava perdido e foi achado; Se trancou mas foi aberto com chaves viventes. Vale a pena eu lembrar dessa história de angústia e felicidade , pois quem escreve a sua própria história herda a terra dessas palavras diz Godard.

Quem é o Reverendo Odedê?

Uma pesquisadora brasileira na Itália informou-me que pretende desenvolver uma tese de doutorado sobre o seguinte tema: "Pronunciamentos teológicos do Reverendo Odedê e impactos no coronelismo presbiteriano no século 21." Primeiro ela pretende entrevistar o TEMÍVEL reverendo Odedê para escutar a versao dele, pois ele será objeto de estudo científico. Depois ela pretende entrevistar diversos CORONÉIS no presbitério carioca e presbíteros dominatrix nas igrejas para coletar informacoes subversivas e conflitantes.


 

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