Memórias de Joe Cubas. Sobre os muros de "Berlim"

Em 1987 meus pais conseguiram uma casa do INCRA na antiga rua 9 em Rurópolis. Um professor ia se mudar e fomos lá visitar o local. As casas nao tinham gradil. Era uma rua onde os vizinhos visitavam uns aos outros, conversavam, se socializavam. Era uma rua COMUNITÁRIA. Um vizinho na esquina construiu bancos populares debaixo das árvores. Pessoas cansadas sentavam, conversavam. Eu era/sou mega fan daquele vizinho. Quando desocuparam a casa que estava reservada para nós, meu pai me levou para lá para CONSTRUIRMOS UM GRADIL que DESTOAVA das demais casas. Durante duas semanas, eu ajudei meu pai levantar aquela muralha de madeira enquanto todas as demais criancas naquela rua BRINCAVAM jogando peladas e outras atividades lúdicas. Eu espiava as criancas enquanto me mantinha focado carregando madeiras e segurando as madeiras para meu pai bater com um martelo. O muro de Berlim foi construído, nos mudamos, e agendaram um culto de louvor à Deus (tinha apenas adultos da igreja Batista). Eu e meu irmao estivemos naquele culto a portas fechadas (gradil cercando tudo) enquanto as demais criancas BRINCAVAM NA RUA. Nenhuma crianca pede para nascer. Elas nascem. Uns filhos tem SORTE. Outros filhos criancas TEM AZAR. Estou no rol dos AZARADOS na infância. Criancas nao precisam nascer em castelos chics para serem felizes. Criancas precisam de pais com visao de mundo infantil que valorizam o LAZER. Quem teve uma infância plena, consegue viver as demais etapas da vida bem resolvidas. Quem teve a infância mal resolvida, é normal viver cheio de conflitos e REMORSOS. Nao há cura. Há tratamento. A memória é o maior VENENO. Narrei sucintamente sobre Religião, falta de preparo para ter filhos e REPRESSÃO.

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