Conversações com tio Natanael Caitano

Em 1987 meu pai estava tendo muitas dores de cabeça com um sobrinho que ele pegou para cuidar. O rapaz era indomável e odiava trabalhar na roça. Ele foi criado na metrópole Rio de Janeiro. Para manter o rapaz ativo e produtivo, meu pai decidiu arrumar emprego para ele em Rurópolis. Meu pai foi na Sorveteria do Gaúcho perto da Rodoviária e pediu um emprego para o sobrinho problemático. O dono da sorveteria Brutts convidou o meu primo e deu um carrinho repleto de picolés e sorvetes deliciosos. O chefe explicou os procedimentos para vender rápido com eficiência retórica, gritando "Picolé, Chopinho, sorvete". As 9:00 o meu primo pegou o carrinho com as iguarias e retornou no final do dia com carrinho vazio e sem dinheiro. O dono da sorveteria perguntou: Cadê o dinheiro da venda? Não tenho dinheiro. E os 300 Picolés, Chopinhos e Sorvetes que depositei para você VENDER e ganhar 30%? Ah! Eu chupei tudo. Mas, como assim? Ué. Eu chupei o primeiro picolé e não consegui parar mais. O dono daquela sorveteria Brutis ficou um URSO e chamou o meu pai. Pastor João! Eu dei emprego para o teu sobrinho porque você é um homem de respeito nesta cidade. Eu não dei uma surra no teu Sobrinho por consideração ao Senhor. Meu pai pediu desculpas e voltou com o sobrinho barriga cheia para a casa. Em casa, aquele continuou vivendo no mundo dele. Com 13 anos ele era INDOMESTICÁVEL. Tenho certeza que ele foi feliz naquele dia devorando todas as iguarias da Sorveteria Brutis. Os sorvetes da Brutis eram mais saborosos do que os sorvetes vendidos nas ruas da Itália.

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