Não somos todos iguais quando se trata de direitos
Published by Joe Black (Joevan Caitano) on 29/03/2021 às 17:23Quando eu estava na zona de risco na Alemanha (com maos e pés atados pelas fortes leis), um brasileiro me dizia na frente de outras pessoas: você precisa ir atrás dos teus direitos, porque outrora, eu também fiquei igual você e fui atrás, bla bla bla blá da retórica barulhenta. Um alemao que conhece ele há anos, jogou na cara dele: tu chegou aqui CASADO com uma alema nativa, depois ela engravidou, você se tornou pai, depois vocês se divorciaram após mais de 5 anos casados no papel, e obviamente, você tinha direito como pai da crianca, e por ter ficado casado mais de 5 anos no papel. A tua situacao era confortável para "ter os direitos". A do Joe é totalmente desconfortável. Joe nao ficou casado com alema mais de 5 anos, nem tampouco teve filhos com alemas. Prenderam o passaporte dele, cancelaram o visto dele, e jogaram ele no ABISMO. Joe está lutando dia após dia. O tal brasileiro que fala DEMAIS, ficou quietinho. Enxergar além do próprio umbigo, é desafiador. Quem chegou na Alemanha casado com nativos (até a passagem os nativos pagaram), nao sabem o que é dificuldade burocrática, exceto, quando se divorciaram antes de completar 3 anos, a vida virou um INFERNO e o estrangeiro decidiu enfrentar a instabilidade com suporte de advogado, ao invés de "fugir para o Brasil". Quem chegou aqui com passaporte da Uniao Européia, também chegou POR CIMA. Muitos falam demais (omitem demais também), mas baforejam retórica MORALISTA sem conhecimento algum além do quadrado de si mesmo. Nao somos todos iguais quando se trata de direitos. Me lembro de uma brasileira que teve uma matéria aprovada na UOL. Ela escreveu que chegou na Alemanha com 7 malas (com status de turista), trabalhou muito na Alemanha, nao quis se prostituir sexualmente, foi casada 5 anos, mas divorciou-se porque percebeu que casamento nao era coisa para ela, e heroicamente (sozinha) tornou-se empresária em Dresden city. Brasileiros ingênuos leram a matéria parabenizaram ela pelo "heroísmo". Outros macacos velhos desconfiaram da narrativa. Eu fui direto e na raíz: Para conseguir continuar na Alemanha como trabalhadora autônoma, ela precisou de papéis. Um alemao GAY que gostava muito dela, fez acordo com ela. Ambos se casaram no papel e ficaram casados até ela vencer os 5 anos. Após 5 anos, ela conseguiu o visto permamente. O casamento de fachada, facilitou a vida dela na dimensao burocrática. Este fato nao é novidade nem tabu entre os brasileiros mais antigos em Dresden. Morei lá quase 7 anos. Porque as pessoas MENTEM (ou OMITEM) TANTO? Para posarem de super heróis que venceram sozinhos na Europa? ninguém vence sozinho. Os esportistas no ensinam sobre isto. Podemos falar publicamente sobre nossas conquistas, mas evitando fazer propagandas de super heróis. Nenhum de nós vence sozinho. Se eu fosse listar todos os nomes de pessoas que cooperaram comigo para eu vencer desde 1995 (quando saí da casa de meus pais), a lista teria que ser ENORME. Sozinho, eu nao teria caminhado 1% do que caminhei.